domingo, 29 de março de 2009

Gato escondido com o rabo de fora


Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, escreveu uma carta de quatro páginas com a qual saiu a terreiro em defesa de José Sócrates relativamente ao caso Freeport.
Diz o Bastonário nesse documento que o processo Freeport não passa de uma conspiração contra o primeiro-ministro, armada pela Polícia Judiciária e pelos jornalistas, com o alegado conluio do PSD e do CDS.
Não fosse Marinho Pinto ser quem é e o mínimo que se poderia supor era que tal misssiva teria sido escrita por algum cliente político do PS, que desta maneira estaria a prestar vassalagem a quem lhe tivesse oferecido algum “tacho”.
Infelizmente não é assim, o que torna a coisa mais grave.
Marinho Pinto não só é advogado como é, ao mesmo tempo, neste momento, a voz dos advogados portugueses.
Tal motivo seria bastante para que o Bastonário fosse mais comedido nas suas apreciações públicas sobre este alegado caso de corrupção.
Mas não se ficam por aqui os motivos que justificavam e obrigavam que Pinto fosse mais prudente.
O processo Freeport ainda está em fase de investigação.
Como sabemos, a PJ, cumprindo o papel que lhe está atribuído, tem vindo a trabalhar neste caso, tentando esclarecer toda a verdade.
Assim sendo, o escrito de Marinho Pinto também pode ser entendido como uma forma de pressão sobre a investigação e de descrédito relativamente aos agentes da PJ que tentam encontrar a verdade e aos jornalistas que, cumprindo também o seu papel, têm dado eco dos avanços e recuos do processo.
Depois, há ainda o facto de a carta do Bastonário ter sido tornada pública na passada sexta-feira, dia de o “Jornal Nacional” da TVI ser apresentado pela jornalista Manuela Moura Guedes, a qual tem contribuído decisivamente para manter bem viva a chama da investigação.
Neste caso, é também lícito pensar-se que o senhor Bastonário, premeditadamente, quis retirar importância ao conteúdo informativo da TVI sobre o assunto.
Resumindo, esta carta e as palavras de Marinho Pinto nela contidas cheiram a ranço do mais mal cheiroso, porque, para além do que já mencionei, parecem fazer coro com os que não querem que este processo chegue ao seu final e tentam a todo o custo tornar infrutífero o trabalho da Polícia Judiciária e dos Magistrados que trabalham no caso Freeport.


A carta do senhor Bastonário tem uma lacuna bastante comprometedora para ele e que se assemelha à brincadeira do gato que deixa sempre o rabo de fora.
Neste caso, a brincadeira está consumada no facto de Marinho Pinto se referir de maneira ofensiva à Polícia portuguesa e aos jornalistas lusos, sem dizer uma palavra quanto às investigações da polícia inglesa e ao facto de, para esta, José Sócrates ser o principal suspeito no caso de corrupção na legalização do Freeport.
Será que se esqueceu?
Não acredito!!!

Francisco Balsinha

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