sábado, 31 de janeiro de 2009

Para além de ser necessária uma mudança de Governo, mais necessária ainda é uma mudança de política

Segundo o site “Portugal Diário”, o líder do PSD da Madeira, Dr. Alberto João Jardim, acusou ontem o Governo Sócrates de “ter destruído Portugal e de ter encaminhado o país para a fossa”.
Jardim falava num jantar organizado pelo seu partido, no qual afirmou também sentir-se “chocado com a falta de coragem de muita gente que nada fez para alterar o rumo do país”, enfatizando ser necessário “tirar Portugal da fossa em que está mergulhado”.

Numa coisa estou de acordo com o Dr. Alberto João Jardim... Portugal bateu no fundo e está mergulhado na "fossa".
Mas, do meu ponto de vista, isto não se deve somente à acção do actual Governo de incompetentes que temos, deve-se também à acção dos outros governos que o antecederam, de há 30 anos para cá.
Neste lapso de tempo a política aplicada foi sempre a mesma: prejudicar quem produz e beneficiar as grandes fortunas e as grandes empresas.
Por esse motivo, mais do que tirar Sócrates e seus pares do Governo, o que realmente deve acontecer, é uma mudança de política, na qual se abandone o neo-liberalismo e se ponham em prática linhas de orientação mais consentâneas com os anseios e necessidades dos trabalhadores, dos desempregados, dos jovens e dos reformados.
Neste caso, a questão que se coloca é que não há na esfera política dominante, também conhecida como Bloco Central, um só político que esteja disposto a governar beneficiando os mais desfavorecidos, ainda que para tal se tenham que onerar com mais impostos as grandes fortunase as grandes empresas.
Mediante este cenário, e porque tenho bem presente que não há condições subjectivas nem objectivas para haver outra revolução, temo desiludir os mais optimistas afirmando que continuaremos condenados a esta escravidão política e social por muitos mais anos.


Francisco Balsinha

A crise económica é sempre paga pelos mesmos, seja em Portugal, em França, nos EUA ou em qualquer outro país do chamado mundo ocidental

Há muitas coisas que não entendo e uma delas é o facto de as crises económicas que, de quando a quando, assolam o mundo ocidental serem sempre vistas como algo natural, não havendo por isso culpados para o seu surgimento.
O caso de Portugal é um pouco diferente. Creio que todos nós, desde que nascemos, ouvimos diáriamente dizer que o país está em crise e o que é facto é que realmente está.
Essa crise existe nos mais diversos aspectos: económico, social, laboral, de valores e, o que é bem triste, nem a crise de vergonha escapa.
Mas voltemos ao tema central desta peça que é a crise económica nacional e internacional.
Esta crise existe porque os países, cada um de per si, aplicaram políticamente os ditames da sociedade de consumo e começaram a gastar mais do que aquilo que na realidade produzem.
Sendo esta uma verdade objectiva, há, contudo, motivos diferentes e particulares da crise económica existente em cada país.
Se olharmos para aquele que alguns chamam o país mais poderoso do mundo, os Estados Unidos da América, facilmente concluiremos que a pobreza agora evidenciada pela economia americana se deve, em grande parte, à política desregrada e belicista de Gorge W. Bush, o qual ao mandar invadir o Iraque e ao manter a presença militar do seu país no Afeganistão, não fez bem as contas ao que essas acções militares iriam custar e o descalabro começou por aí.
É claro que, para além disso, ainda há o problema do crédito mal parado, da construção civil, da falida bolsa de Nova Yorque e de mais uns quantos sectores que, todos juntos, fizeram os EUA caírem no buraco económico em que agora se encontram.
Muitas economias foram arrastadas para o colapso económico pela crise instalada nos Estados Unidos, nomeadamente, com a falência de grandes multinacionais e com a descida da cotação do dólar.
No caso português, o Governo Sócrates andava radiante da vida antes do despoletar desta crise porque, segundo anunciava, as contas públicas portuguesas estavam estabilizadas e a tendência da economia lusa apontava para o crescimento.
Como se viu, nada daquilo que se apregoava tinha qualquer semelhança com a verdade.
A comprová-lo são públicos diversos relatórios oriundos de Bruxelas que desmentem Sócrates e seus pares.
Tanto em Portugal, como nos Estados Unidos da América, como em França, como na generalidade dos países ocidentais atingidos por esta recessão, muitas empresas têm-se visto obrigadas a fechar as suas portas, deixando no desemprego um número incálculavel de trabalhadores, ao passo que outras, também devido à queda do consumo, reduzem drásticamente o seu quadro de assalariados, atirando também muita gente para o desemprego.
Como disse no início deste meu artigo de opinião, há muitas coisas que eu não percebo e uma delas é precisamente esta: subindo o número de desempregados, seja em que país fôr, essa facto gera duas situações:

1) Os trabalhadores desempregados deixam de contribuir para o Estado e, ao mesmo tempo, passam a onerá-lo com os respectivos subsídios de desemprego;
2) Havendo menos mão de obra a trabalhar há menos produção de riqueza.
Creio que não é preciso ser economista para se chegar a esta lógica tão simples.
Havendo menos produção de riqueza, há que “apertar o cinto”, estando esta medida apenas confinada aos trabalhadores, que não vêm aumentos e que vêm o custo de vida aumentar, aos idosos que já não têm dinheiro senão para os medicamentos e aos mais desfavorecidos da sociedade.
Os ricos não têm que apertar o cinto porque, como sabemos, têm as suas reservas financeiras que, mesmo beliscadas pela flutuação do mercado, dão para superar esta crise e quantas mais crises houver.
Como sabemos – todos sabemos isso, ricos, pobres, remediados, letrados e analfabetos – são sempre os mesmos a pagar a crise gerada por um sistema político que só beneficia a classe mais alta da sociedade, seja no nosso país ou em outro país qualquer dito do primeiro mundo.
A coberto da crise, para além dos ricos, estão os novos ricos que passaram pela direcção dos partidos à direita do PS, inclusivé, e pelos anteriores governos e que hoje estão prosápiamente sentados nos cadeirões das administrações de empresas públicas e privadas para onde lhes arranjaram “tacho”.
Se perguntarem aos trabalhadores se eles acham que contribuiram para degeneração desta crise económica, a resposta será necessáriamente negativa.
Por outro lado, os governantes sabem bem que a crise não cresceu à custa de quem cria riqueza, os trabalhadores, então porque continuar a fazer com que sejam eles a arcar com o onús da questão?
É isto que eu não entendo...!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

É necessário um novo equilibrio militar geoestratégico no mundo


Longe vão os tempos da chamada Guerra Fria, quando os dois blocos militares existentes à face da terra tentavam a todo o custo saber o que se passava do outro lado e, ao mesmo tempo, impôr a paz ditada pelas armas.
Com a derrocada da União Soviética, um desses blocos (Pacto de Varsóvia) acabou também por desmoronar-se, o que fez com que a Nato passasse a ser a única Aliança Militar estratégica do planeta.
A Nato, desde a sua criação, sempre foi dirigida pelos Estados Unidos da América e sempre esteve ao serviço deste país.
Postas as coisas neste pé, não admira que soldados dessa organização, oriundos de vários países, tenham estado por mais que uma vez em distintos teatros de guerra, sempre defendendo interesses americanos e às ordens de militares de patente desse país ou de outros de países “amigos”, mas sempre com o mesmo objectivo.
Hoje, poucas pessoas duvidarão que a invasão do Iraque ou a presença americana no Afeganistão só foram e são possíveis pelo facto de não haver nenhuma estrutura militar organizada que faça os americanos pensar duas vezes.
A par destas guerras, nas quais os EUA estão presentes apenas por questões económicas, a anterior administração de Gorge W. Bush tratou de hegemonizar ainda mais a presença do seu país em várias partes do globo, nomeadamente através da instalação de bases de mísseis de médio alcance em vários países e latitudes.
A instalação dessas estruturas serve fins militares, mas também fins políticos, já que muitas delas estão estratégicamente colocadas de forma a intimidarem países com regimes progressistas, como é o caso da Venezuela, da Bolívia ou da massacrada Cuba.
A próxima escalada militar idealizada por esse ébrio incorrigível que dá pelo nome de Bush, previa a instalação de mais mísseis de médio alcance na República Checa, na Polónia e na Geórgia, países próximos ou fronteiriços com a Rússia, de modo a intimidar os dirigentes e o Povo deste país.
Cientes de mais esta provocação, o Presidente Dimitri Medvedev e o Primeiro-Ministro Vladimir Putin, advertiram a Casa Branca do extremismo de tal posição e avisaram os dirigentes americanos que responderiam à letra e na mesmo moeda, instalando também eles bases de mísseis de médio alcance não muito longe do território dos EUA.
É neste quadro que o Presidente venezuelano Hugo Chavéz ofereceu o seu país à Rússia para esta ali instalar os seus míseis de médio alcance.
No entanto, sabedores dos enormes custos e desvios económicos que provocaria uma nova e desenfreada corrida aos armamentos, os dirigentes russos decidiram tentar a via diplomática para resolver esta questão.
Foi assim que em Novembro de 2008 Medvedev viajou por alguns países da América Central e do Sul, tentando mostrar aos seus anfitriões a razão de ser da posição russa sobre este assunto e, ao mesmo tempo, trabalhando para melhorar as relações bilaterais com países daquela região.
Segundo alguns analistas internacionais, a visita de Dimitri Medvedev ao outro lado do mundo foi muito positiva, tendo inclusivé servido para fechar alguns acordos de interesse de ambas as partes.
Hoje, 28 de Janeiro de 2008, chegou a Moscovo o Presidente cubano Raul Castro, para uma visita de uma semana à Rússia.
Esta visita reveste-se de pleno significado, porque é a primeira vez que um alto dirigente cubano visita aquele país depois da Perestroika.
Raúl encontrar-se-á com o seu anfitrião Medvedev e com o Primeiro-Ministro Vladimir Putin.
Da agenda de trabalhos faz parte uma análise conjunta da situação internacional e a assinatura de vários acordos de interesse bilateral.
Creio que todos nós, democratas, devemos saudar a reaproximação dos povos russo e cubano, ambos não alinhados com os Estados Unidos da América e, ao mesmo tempo, ter a esperança que outros países venham a juntar-se a estes numa frente de paz capaz de começar a pôr em respeito os chefes militares americanos mais belicistas.
O que defendo nestas últimas linhas é sumamente importante para o estabelecimento de um novo equilibro geoestratégico a nível mundial e é, sem sombra de dúvida, uma muleta política para o programa de paz avançado por Barack Obama.


Francisco Balsinha

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O Povo da Bolivia aprovou por larga maioria a nova Constituição progressista


A Bolívia está a viver momentos históricos desde que no passado fim de semana o Povo daquele país votou sem margem para dúvidas (60% dos votos) a aprovação em referendo da nova Consituição boliviana.
Este novo diploma aponta o rumo ao socialismo e dá mais expressão à voz dos ìndigenas, Povo maioritário daquele país.
Após ter tomado conhecimento do resultado do referendo, o Presidente Evo Morales exultou de alegria e afirmou aos seus concidadãos que a aprovação da nova Constituição fará refundar a Bolívia, ao mesmo tempo que enterrará definitivamente os colonialismos interno e externo e porá fim ao neo-liberalismo.
Compreende-se perfeitamente a alegria de Morales e da maioria do Povo que escreveu esta página brilhante da historia boliviana.
O seu país foi colonizado durante muitos e muitos ano, e as suas riquezas pilhadas, entre as quais o petróleo, sem que os governos de direita, que estavam no poder, fizessem algo para estancar a roubalheira.
Durante essa infinidade de anos, os bolivianos de uma maneira geral e em particular o Povo ìndigena, viram-se privados da liberdade e dos mais elementares direitos humanos, vivendo no mais puro obscurantismo e com fome.
A eleição de Evo Morales como Presidente da República da Bolívia foi como que uma entrada de uma lufada de ar fresco naquele país e nunca mais nada foi como antes.
Morales e o seu Governo distribuiram terras, nacionalizaram alguns sectores importantes da economia e enfrentaram estoicamente a reacção direitista interna e externa, encabeçada pelos Estados Unidos da América.
Os únicos apoios de que a Bolivia dispôs – e continua a dispôr - no campo internacional, foram-lhe prestados quase em exclusividade pela Venezuela e por Cuba.
No entanto, uma revolução socialista não se faz nem se concretiza enquanto vigorarem na sociedade leis que mantenham a velha estrutura capitalista de pé.
É por isso que a aprovação desta nova Constituição boliviana encheu de regozijo todos os progressistas daquele país e os muitos progressistas estrangeiros apoiantes da revolução.
A partir de agora, quando o Governo ou os deputados aprovarem diplomas que contenham no seu índice programático uma maior e mais equitativa distribuição da riqueza, incentivos à produção nacional ou a nacionalização de alguns meios de produção ainda nas mãos de estrangeiros, estarão respaldados por uma Constituição nova, progressista e consentânea com a ideia da revolução bolivariana de Simon Bolívar.
Este reforço da política de cariz progressista nesta parte do globo, para além de ser mais uma espinha encravada na garganta da oligarquia capitalista americana, é, acima de tudo, um exemplo para todos os povos da América do Sul que ainda se encontram subjugados pela ganância do norte.

Se a Europa quiser apoiar Obama, tem agora uma ocasião de ouro para o demonstrar

O Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, não podia ter começado da melhor maneira a sua administração.
Logo no dia da tomada de pose, Obama assinou um diploma que suspendeu por quatro meses os julgamentos arbitrários dos reclusos da prisão da Base Naval de Guantánamo, em Cuba, e que suspendeu também os interrogatórios e a prática de tortura naquelas instalações.
Esta tinha sido uma das promessas eleitorais do recentemente eleito presidente norte-americano, que não perdeu tempo a pô-la em prática.
No dia seguinte, Obama e a sua administração decretaram o encerramento no prazo máximo de um ano da prisão do campo de horrores de Guantánamo.
Estas medias muito positivas receberam o aplauso da União Europeia e de todas as organizações de direitos humanos espalhadas pelo mundo.
Agora, uma vez assinados estes diplomas, há que pensar na melhor maneira de se resolver o problema, já que com o encerramento daquela terrível prisão os respectivos presos precisam de ser colocados.
Numa atitude sem precedentes, a diplomacia portuguesa e concretamente o Ministro Luís Amado, instou os países membros da Europa dos 27 a darem um ajuda a Obama e a disponibilizarem-se para receber os priosioneitos oriundos da prisão de Guntánamo.
Esta atitude, que dignificou o Governo português, foi prontamente saudada pelo porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Sean McCormack, que afirmou que “Portugal e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado, deveriam ser saudados pelo que fizeram para abrir a via a uma nova atitude europeia a este propósito”.
Por outro lado, a Amnistia Internacional já fez saber através do seu coordenador da Campanha “Combater o terrorismo pela Justiça”, Daniel Gorevan, que “os governos da Europa deviam seguir o exemplo corajoso de Portugal e contribuir para a solução que porá fim ao escândalo para os direitos humanos que é Guantánamo”.
O insigne Jurista português, Prof. Adriano Moreira, também já veio a público esclarecer que, à luz das normas jurídicas internacionais, os reclusos terão uma palavra a dizer quanto ao seu destino pós Guantánamo.
Neste momento, ainda há países europeus que põe determinadas reticências a esta questão, mas, para além de Portugal, países como a Alemanha, a Espanha e a Irlanda já anunciaram que estão disponíveis para receber ex detidos da prisão situada em solo cubano.
No meio deste extenso manancial de informação, uma coisa salta à vista: este problema é de difícil solução.
Contudo, se os europeus quiserem de facto apoiar Barack Obama e as suas reformas, têm neste caso uma ocasião de ouro para o demonstrar.

Francisco Balsinha

domingo, 25 de janeiro de 2009

Justiça, por onde andas?


Infelizmente, Portugal não é um país, é uma anedota.
Anedota triste, mas anedota.
Já não basta estarmos na cauda da europa nos mais diversos indices económicos e sociais, a nossa justiça também é o que se vê...!
Comecemos pelo famiderado caso Casa Pia, que nunca mais tem fim, no qual foi mais que provado que os míudos foram abusados sexualmente e psíquicamente, e onde agora todos os arguidos se declaram inocentes e clamam por justiça.
A semana passada, um Juiz deu como provado que o miúdo que diz ter sido seviciado por Paulo Pedroso, falou verdade nas acusações que fez àquele membro da direcção do PS.
Se o miúdo falou verdade, como asssegura o Juiz, então isso significa que é verdade que Pedroso particou mesmo actos pedófilos, pelo menos com este adolescente.
Assim sendo, o mais razoável bom senso manda que o processo Pedroso deva ser de imediato reaberto, para que, mais uma vez provados os factos, não fique sem punição o autor desta alegada canalhice.
Até ao momento, ainda não vi escrito em algum orgão de comunicação social nem ouvi em qualquer rádio ou televisão a reivindicação do que acima escrevi. Porque será?
No caso Maddie, que se tornou famoso em todo o mundo e do qual “nunca se apanhou o fio à meada”, um dos inspectores da Polícia Judiciária que trabalhava no apuramento da verdade acabou por ter que passar à reforma, por alegadamente as suas atitudes no apuramente dos factos terem sido consideradas excessivas.
Será que quando está em causa a vida de uma criança inocente e quando existem, como era o caso, várias pistas para desvendar, o Polícia encarregue do caso tem que se movimentar com o maior cuidado para não ferir susceptibilidades a alguém, seja quem fôr?
Se alguma Lei determina isso, não passa de uma Lei absurda que deve ser rapidamente banida do Código Penal.
Deixei para o fim, propositadamente, o caso que mais tem sido falado nas televisões e nos jornais nos últimos dias: o caso Freeport.
O dossier deste caso estava há muito metido numa qualquer gaveta de uma qualquer repartição pública, certamente à espera que o seu prazo de investigação terminasse.
Também o processo Freeport foi em tempos investigado pela PJ portuguesa, mas, mais uma vez, o Inspector do processo foi, como tantos outros em ocasiões diferentes, obrigado a reformar-se mais cedo.
Porquê, ninguém sabe...
Esta onda de reformas antecipadas de inspectores da PJ cheira-me a esturro.
No caso dos dois inspectores acima mencionados, a direcção da Polícia Judiciária nunca explicou publicamente porque os afastou em devido tempo e, que se saiba, o seu afastamento não se deveu a falta de zêlo ou a falta de capacidade profissional dos mesmos.
Quanto a este assunto, tal como eu, muitos portugueses gostariam de ter uma explicação para tais afastamentos.
No entanto, a Polícia inglesa, menos dada a “esquecimentos” deste tipo, decidiu “bater com a língua nos dentes” e alertar as autoridades portuguesas e a opinião pública para aquilo que diz ser uma mega fraude.
A presença da Polícia inglesa neste processo dá-nos algumas garantias de que o mesmo não deverá voltar à gaveta de origem, até que caia no esquecimento.



Tudo isto parece muito estranho.
Deixando de fora os Juizes, que de uma maneira geral são pessoas zelosas do seu trabalho, parece que paira uma nuvem sobre a justiça portuguesa, que só nos deixa ver o que mentes “superiores” entendem que pode ser visto, e que, ao mesmo tempo, encobre outros assuntos e factos que talvez essas mesmas mentes entendam que não devam chegar ao “Zé Povinho”.
Esta é a democracia que temos, 34 anos passados sobre o 25 de Abril de 1974.
Esta é também a democracia que merecemos, por termos sido nós, Povo português, quem em sucessivas eleições pusemos no Poder os mentores desta sociedade tão desvirtuada da verdade e dos direitos do cidadãos.
Vamos permitir isto até quando?!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A mania da pelintrice

Ontem tive o grato prazer de estar alguns momentos à conversa com um amigo querido, meu padrinho de casamento e, ao mesmo tempo, um dos decanos do jornalismo português.
Devo até afirmar, por ser inteiramente justo, que algumas coisas da arte do jornalismo me foram ensinadas por ele, com enorme clarividência e o saber de longos anos de profissão.
A nossa conversa deteve-se primeiro, como não podia deixar de ser, na investidura de Barack Obama como Presidente dos Estados Unidos da América e na esperança que esse facto gerou na América e em todo o mundo.
Outro dos assuntos do dia sobre o qual conversámos teve a ver com a actual crise internacional e a eterna crise que tem tomado conta de Portugal.
Palavra vai palavra vem, demos connosco a avaliar as políticas económicas traçadas por alguns dos governos do nosso país e no quadro económico que Portugal apresentaria hoje, não fosse o caso de terem havido alguns excessos de governação, que afundaram ainda mais "este cantinho à beira-mar plantado".
Entre esses excessos contabilizámos a construção do Centro Cultural de Belém, a realização da Expo98, a construção de 14 estádios de futebol para que o Euro2004 se realizasse no nosso país, tudo isto envolvendo a gastança de largos milhões de euros, considerada supérflua porque qualquer daquelas infraestruturas não foi nem é essencial para o desenvolvimento de Portugal.
Mas gastança megalómana não se fica por aqui.
O Primeiro-Ministro José Sócrates assinou hoje em Espanha documentação que compromete, mais uma vez, os dois países na construção da linha do comboio de alta velocidade.
A par disso, é ainda intenção do Governo construir o aeroporto de Alcochete e a nova ponte Chelas – Barreiro, empreendimentos que serão financiados com recurso a créditos de intituições internacionais, os quais levarão cerca de 15 anos a liquidar.
Se somarmos os gastos dos governos anteriores na construção das infraestruturas atrás mencionadas, aos gastos dos projectos megalómanos do actual Governo, facilmente chegaremos à conclusão que foram e serão ainda esbanjados muitos mais milhões de euros, que não se sabe muito bem como vão ser pagos.
E isto num país que bateu no fundo, onde não há dinheiro para nada, onde o desemprego é demasiado alto e a precaridade também, onde os idosos têm pensões de vergonha para todos nós e onde o crime, a corrupção e o compadrio estão instalados a diversos níveis da sociedade.
Com a previsão de gastos que acima referi, os nossos governantes fazem-me lembrar aquelas famílias onde o pai se veste todos os dias de fato e gravata e tem um belo carro à porta, tudo comprado a crédito, mas dentro de casa os filhos andam mal vestidos e passam fome e já há diversas prestações em acaso.
São os novos ricos que, bem vistas as coisas, não passam de pelintras.
Na política também há gente chegada à pelintrice, que quer deixar obra feita para encher o olho ao Zé Povinho, nem que para isso tenha que endividar ainda mais o país.
Para esses políticos tenho um conselho: se realmente querem deixar obra feita, parem de gastar dinheiro desnecessário e o pouco que se vai arranjando que seja empregue a combater o desemprego, a ajudar as pequenas e médias empresas, a elever as míseras pensões dos nossos velhotes e a combater eficazmente o crime e a corrupção.
Bom, já sei que a adopção de medidas desta natureza não leva ao descerramento público de placas nem a que se tirem fotos de circunstância onde os “pavões” fazem reluzir a dentadura, mas em compensação, ficará a gratidão de um Povo que já não tem esperança no futuro.

Francisco Balsinha

Novo Código do Trabalho penaliza ainda mais os trabalhadores

Beneficiando da maioria absoluta de que dispõe no Parlamento, o Partido Socialista fez ontem aprovar o novo Código do Trabalho.
A votação contou com os votos contra do PCP, Partido os Verdes, Bloco de Esquerda e dos deputados socialistas Manuel Alegre, Matilde Sousa Franco, Eugénia Alho, Júlia Caré e Teresa Portugal.
Por seu lado, tanto o PSD como o CDS abstiveram-se nesta votação.
Esta aprovação do novo Código do Trabalho teve lugar após o partido do Governo ter alterado o prazo de 180 dias do período experimental, que tinha sido considerado inconstitucional, para 90 dias.
Entretanto, o deputado Manuel Alegre também votou ao lado do PCP e o do BE a favor da alteração do artigo 3º, de forma a repor o princípio do tratamento mais favorável.
As alterações aprovadas hoje àquele Código, tal como outras que as antecederam, não vieram beneficiar em nada o Povo trabalhador, vindo, pelo contrário, favorecer ainda mais o patronato, sobretudo, as grandes empresas.
Numa sociedade com valores altíssimos de precaridade no trabalho, como é a nossa, tudo o que os trabalhadores precisam é de ver fortalecido o lado mais fraco da relação de trabalho, o seu lado, e não o contrário.
Completamente alheio a esta situação, o PS apresentou e votou favorávelmente a sua proposta de revisão do Código do Trabalho, menosprezando completamente as necessidades e os anseios de quem trabalha.
Para vermos até que ponto é verdade isto que afirmo, basta atentarmos no famigerado artigo 112 deste Código, no qual o Partido socialista queria alterar o tempo do período experimental para os 180 dias.
Isto significaria que o trabalhador se vincularia a uma empresa e o patrão dispunha de 6 meses para se servir do seu trabalho e da mais valia gerada pelo mesmo e podia depois mandá-lo embora, alegando o que bem lhe desse na gana, sem que o trabalhador tivesse direito a qualquer tipo de indemnização.
Não seguro da legalidade desta alteração, o Presidente da República, em boa hora, pediu ao Tribunal Constitucional que se pronunciasse sobre o assunto, tendo o mesmo declarado inconstitucional aquela emenda.
Ontem ouvi alguém dizer na Assembleia da República que, se Cavaco Silva tivesse mandado averiguar a constitucionalidade de outras propostas agora votadas e inseridas no novo Código do Trabalho, as mesmas seriam com toda a certeza chumbadas, porque ferem o artitulado da Constituição da República Portuguesa.
Não tenho qualquer dúvida sobre esta afirmação, assim como não duvido também que em matéria de protecção dos trabalhadores estes não podem contar com o Partido Socialista, porque a sua natureza de classe está inteiramente alinhada com a da direita mais conservadora.
Hoje, com toda a justiça, pode afirmar-se que o partido do Governo tem tomado medidas que o colocam mais à direita que o próprio CDS e não são discursos mais ou menos alinhavados à esquerda que vão fazer mudar a sua natureza de classe.
Em política, como em tudo na vida, o que conta é a prática e não as palavras, e nesse aspecto não restam dúvidas sobre ao serviço de quem está este PS.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Tomada de posse de Barack Obama gera elevadas expectativas em todo o mundo

Hoje, dia 20 de Janeiro de 2009, virou-se uma página da História.
A tomada de posse do novo Presidente dos Estados Unidos da América fez vibrar toda a América e também todo o mundo, num misto de expectativa e de desejo de que, daqui para a frente, nada seja como antes.
Muitos milhões de pessoas em todo o mundo seguiram pela televisão o momento solene do juramento de Barack Obama e o seu discurso de tomada de posse.
O novo presidente americano disse na circunstância que “a América está pronta a liderar” aquilo a que chamou “uma nova era de paz”.
Obama reconheceu também que o seu país se encontra “no meio de uma crise” que, disse, ainda não conseguiu perceber.
Falando ainda da crise, Barack Obama pintou o seu discurso em tons positivos ao afirmar: ” a partir de hoje, temos de nos levantar e começar a trabalhar para refazer a América”.
Falando depois para o exterior, Obama afirmou: “saibam que a América é amiga de cada nação e cada homem, mulher e criança que procurar um futuro de paz e dignidade”, “Iremos começar a sair responsavelmente do Iraque, deixando-o à sua gente, e forjar a paz no Afeganistão”.
Falando novamente no plano interno, o novo Presidente dos EUA enfatizou que a América é um país disponível para todos “cristãos, muçulmanos, judeus, hindus e dos sem credo”, assinalando a seguir que o seu país “terá de assumir o papel de construir uma nova era de paz”... “o mundo mudou e nós temos de saber mudar com ele”.
Com um discurso deste tipo, Obama fez subir ainda mais o índice de expectativa quanto à sua administração, índice esse que já era bem alto desde que foi eleito.
Aparentemente, o novo “inquilino” da Casa Branca fez um discurso de tomada de posse sério, positivo e que deixa as portas abertas a mudanças até há bem pouco tempo impensáveis.
Resta agora saber se esse discurso vai ser levado à prática e se Obama tem carácter e personalidade suficientemente fortes para resistir às pressões da oligarquia norte-americana e mundial.
Sabendo-se que no mundo existem várias experiências de sociedades e estados não adoptantes da teoria capitalista, uma das grandes incógnitas que ficam em aberto é a de se ver até que ponto a nova política da Casa Branca vai lidar com esses países e com os seus dirigentes, que têm a coragem de terem concepções diferentes da política e da democracia.

Francisco Balsinha

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A guarda avançada do Governo de José Sócrates

O dr. Vital Moreira, profesor universitário, conhecido constitucionalista e outrora dirigente influente do PCP, tendo o seu nome chegado a ser falado várias vezes como natural sucessor de Àlvaro Cunhal no cargo de Secretário-Geral, a dada altura resolveu abandonar o Partido dos Comunistas e passar-se de “armas e bagagens” para a esfera de influência do Partido Socialista.
Como sabemos, este não é caso único na mudança repentina de objectivos e de família política.
No entanto, não deixa de ser curioso acompanhar a “evolução” política deste homem de esquerda, que antes defendia, pelo menos aparentemente, as conquistas da Revolução de Abril e a causa dos mais desfavorecidos e oprimidos da sociedade, e que agora se vê transformado num defensor oficial de tudo quanto o Governo faz e diz em matéria de cariz político e social.
Se alguém tem dúvidas do que afirmo, convido-o a visitar o blog onde o dr. Vital Moreira expõe as suas ideias e pontos de vista, para constatar, como eu constatei, que agora todos os seus ideais estão colados aos do Governo Sócrates e contra as teses da oposição, nomeadamente aquela que em ano de eleições pode trazer mais amargos de boca ao PS, o PSD e a sua líder, drª. Manuela Ferreira Leite.
Na visita que fiz hoje aquele site, deparei-me com a seguinte situação: o dr. Vital Moreira assina vários textos, todos eles em defesa do Governo PS e todos eles também tentando denegrir a imagem da líder do PSD, nomeadamente no que diz respeito às suas afirmações em que disse que se chegasse ao Governo mandaria parar de imediato o projecto de construção da linha de combóio de alta velocidade – TGV.
É por essas e por outras que muita gente afirma que o PS tem a melhor máquina de propaganda do conjunto dos partidos portugueses e eu estou em crer que esta afirmação é inteiramente justa.
Já não chega a instrumentalização da RTP, onde aparecem todos os dias o engº. José Sócrates e os seus ministros, mais os outdoors propagandísticos espalhados pelo país, mas não sei quantos jornais que põe cá fora tudo o que o Governo faz, seja bem feito, seja mal feito. Para além disto tudo, ainda existe a guarda avançada do Governo, encabeçada por não sei quantos senhores e senhoras estratégicamente colocados em lugares chave da sociedade.
Vital Moreira também faz parte dessa guarda avançada e, quer queira quer não, as suas armas deixaram de defender aqueles que precisam de ser defendidos e estão agora ao serviço da política neo-liberal do Governo PS e, por via disso, ao serviço do grande capital.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Cessar fogo decretado por Israel vai durar até quando?


Tal como já era esperado, o Governo israelita decretou a noite passada o cessar fogo na sua ofensiva militar contra os territórios palestinianos da Faixa de Gaza.
O Primeiro-Ministro de Israel, Ehud Olmert, justificou este cessar fogo unilateral afirmando que o exército do seu país já atingiu todos os objectivos a que se propunha, entre os quais limitar o poder militar do Hamás.
Noutro passo do seu discurso, Olmert revelou que Israel chegou a acordo com o governo egípcio, tendo-se este comprometido a não deixar haver mais contrabando de armamento através da sua fronteira com a Faixa de Gaza.
Hipócritamente, o primeiro-ministro israelita dirigiu-se também aos palestinianos da seguinte forma: “Israel não vos odeia”, “nós só queríamos proteger os nosso filhos e não atingir os habitantes de Gaza”.
Estas palavras de Ehud Olmert foram proferidas após o exército israelita ter morto cerca de 1.200 palestinianos – estimando-se que metade deste número de vítimas fossem civis – e deixado um rasto a rondar os 5.000 feridos.
Entre as vítimas mortais e os feridos provocados pelos bombardeamentos israelitas contam-se muitas mulheres e crianças.
Apesar deste anúncio unilateral de cessar fogo, segundo o Ministro da Defesa israelita, “o exército vai permanecer em Gaza e está preparado para continuar a expandir a operação, se for necessário. Os cidadãos de Israel devem também estar preparados”.
Esta atitude israelita parece poder vir a não ser duradoura, uma vez que os dirigentes do Hamás afirmaram que só aceitariam assinar o cessar fogo se os militares israelitas abandonassem o território palestiniano.
Por outro lado, importa agora perceber o porquê deste aparente cessar de hostilidades por parte de Israel e a sua justificação parece ser fácil de encontrar.
Israel é, como é do domínio da opinião pública internacional, um peão de brega dos Estados Unidos da América no Médio Oriente.
Não fosse isso e jamais o estado israelita estaria armado até aos dentes com cerca de 200 ogivas nucleares, aviões, helicópteros, tanques, canhões, armas automáticas e munições, tudo isto de tecnologia americana.
Desde sempre, para a Casa Branca, o estado de Israel foi visto como uma ponte entre os próprios Estados Unidos e as Nações Árabes produtoras de petróleo.
A sua localização estratégica, entre o ocidente e o oriente, é, por isso, considerada de extrema importância para os americanos.
É esse o motivo porque as relações entre Tel-a-Viv e Washington e vice-versa sempre decorreram num panorama de grande identidade de pontos de vista e acção política.
Actualmente, apenas os americanos têm sido os grandes defensores da política de agressão israelita aos territórios de Gaza.
Do ponto de vista de vários observadores, entre os quais me incluo, é dentro deste quadro de excelentes relações bilaterais que tem lugar este fraco cessar fogo decretado por Ehud Olmert.
Depois de amanhã, terça-feira, dia 20 de Janeiro de 2009, toma posse o novo Presidente americano, Barack Obama, e ser-lhe-ia bastante incómodo defender no seu discurso de posse a agressão sionista contra o Povo palestiniano, isto porque, dentro dos EUA está em crescendo o número de vozes que se opõem à acção militar de Israel.
Quando Obama tomar posse tudo estará aparentemente calmo no Médio Oriente, mas o que importa saber é até quando..., pergunta para a qual ninguém tem a resposta exacta.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A construção do TGV e a opinião dos políticos espanhóis


A Drª.Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, divulgou este sábado numa reunião do seu partido que o Governo terá encomendado ao jornalista correspondente da Lusa em Espanha que inquirisse os políticos daquele país acerca das declarações da figura de proa do maior partido da oposição, em que esta revelou que, se vier a ser primeira-ministra, mandará suspender a construção do TGV.
Esta informação foi entretanto confirmada hoje no “Jornal Nacional” da TVI.
Tal como Manuela Ferreira Leite, também eu me pergunto por que raio teria o Governo que “pôr a falar” os políticos espanhóis para tentar desacreditar a figura maior da oposição e, por outro lado, tentar dar mais credibilidade à sua megalómana iniciativa.
Acaso os espanhóis terão alguma coisa que ver com o que se passa no nosso país?
Acaso o Governo Sócrates antes de tomar qualquer medida vai pedir parecer a “nuestros hermanos”?
Tudo isto me parece muito estranho, ainda para mais quando o nosso Primeiro-Ministro, que se saiba, nunca perguntou a Zapatero o que fazer para que o ordenado mínimo dos portugueses seja igual ao dos espanhóis, para que o preço dos combustíveis seja igual ao do lado de lá da fronteira, para que as pensões de reforma dos nossos idosos sejam semelhantes às dos nossos vizinhos do lado e mais um extenso rol de perguntas das quais todos nós gostaríamos de saber as respectivas respostas.
Quanto à questão da construção da linha do TGV, Manuel Ferreira Leite tem razão de sobra.
Para quê construir uma linha de alta velocidade se os portugueses não têm posses para a utilizar?
Porque não empregar esse dinheiro, consubstanciado em verbas astronómicas, para melhorar as pensões de reforma ou para combater o desemprego?
Toda a oposição está de acordo neste aspecto.
Só o Governo, chefiado pelo teimoso Sócrates, arrisca mandar arrancar a construção desta obra que irá individar ainda mais o país.
Portugal está em recessão económica, tal como outros países da União Europeia, mas a grande diferença é que esses países são industrializados e, nalguns casos, têm recursos naturais que os farão sair a breve prazo desse estado de recessão.
E Portugal o que tem?
O sol?
As suas paisagens?
Mais de 800 quilómetros de costa com o Oceano Atlântico?
De que serve tudo isso se o sol não se come e o turismo é a míngua, se as paisagens só servem para nos desanuviar a mente e, quanto ao oceano que temos ao lado, até para pescar nele estamos limitados a quotas impostas pela UE?
Portugal só pode sair do marasmo económico em que se encontra através da poupança, mas nesse aspecto quem tem que dar o exemplo é o Estado.
Abandonar a ideia da construção da linha de combóio de alta velocidade e do aeroporto de Alcochete seriam medidas que a serem adoptadas por certo moralizariam a sociedade produtiva e, sobretudo, deixariam em aberto verbas importantíssimas para o arranque da nossa economia e para o encurtamento do fosso enorme que existe entre os mais ricos e os mais pobres.
Mas quem é que vai meter isto na cabeça de José Socrates?.

Francisco Balsinha

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Descansa em paz querida Joana

Segundo notícias hoje propagadas pela comunicação social, Leonor Cipriano, a mãe da menina desaparecida em Setembro de 2004, resolveu agora desatar a língua e contar toda a verdade deste fatídico caso.
Em documento de oito páginas, escrito pela própria, Leonor conta que o seu irmão João Cipriano a teria convencido a vender Joana a um casal que a levaria para Espanha, em troca de dinheiro, garantindo-lhe que a família era de confiança e que a sua filha iria ser muito bem tratada.
Depois da venda da menina, a ideia de João era simular que a mesma havia sido raptada.
Ainda segundo Leonor, quando João Cipriano se foi encontrar com o tal casal, levando consigo a sobrinha para a entregar, verificou que os seus interlocutores não traziam o dinheiro combinado, pelo que resolveu não entregar a menina.
Entretanto, Joana ter-se-ia apercebido da conversa e do que lhe estaria reservado, pelo disse ao tio que iria contar tudo, o que fez com este a espancasse até à morte.
Ainda segundo Leonor Cipriano, o seu irmão teria depois escondido o corpo da menina nas proximidades de casa, enterrando-a mais tarde num local a que chamou “os Montes da Figueira”.
Leonor Cipriano e o seu irmão estão presos, com pena de 16 anos e 8 meses de detenção cada um.
Após esta carta e a nova versão do caso que a mesma encerra, é natural que o Tribunal mande reabrir o processo e até que possa haver novo julgamento.
Infelizmente, como é do domínio público, casos desta natureza, em que adultos tratam as crianças com o maior desprezo, levando-as muitas vezes a espancamentos sem medida e até à morte, são cada vez em maior número na sociedade portuguesa e nas quatro partidas do mundo.
A falta de formação, a obcessão pelo dinheiro, a falta de escrúpulos e a completa ausência de amor pelas crianças, são, nos dias que correm, factos comprovados.
A sociedade em que vivemos, onde a brutalidade e a promiscuidade nos são impingidas à força pela televisão, pelo cinema e por outros meios, é, sem qualquer sombra de dúvidas, o veículo principal da perca de sentimentos, do sentido de honra ou do sentido de família que um cada vez maior número de cidadãos vai patenteando.
É por essas e por outras que este mundo em que vivemos, cada vez mais adulterado à “boa” maneira humana, mete nojo a qualquer pessoa que ainda preze o valor dos sentimentos e se recuse a viver no meio das vaidosices bacocas que a sociedade capitalista nos impõe.
Não sei, aliás, ninguém sabe neste momento, se a história agora contada sobre a morte da pequena Joana é verdadeira ou mais um capítulo de uma qualquer novela que passa pela mente da sua mãe.
Do que tenho a certeza é que os restos mortais da criança devem ser procurados e encontrados, para que tenha um funeral digno, e tanto a Leonor como a João Cipriano, a justiça lhes seja servida à “ponta de espada”, sem nenhum atenuante, porque quem pratica um acto desta natureza ou é conivente com o mesmo, não merece mais que estar encerrado entre quatro paredes, se possível até ao fim da vida.

Francisco Balsinha

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

“Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”

George w. Bush promoveu na passada terça-feira a última cerimónia oficial do seu mandato enquanto presidente dos Estados Unidos da América.
Como não podia deixar de ser, essa cerimónia teve lugar na Casa Branca, local onde se apresentaram Alvaro Uribe, presidente da Colômbia e os ex primeiros-ministros da Inglaterra e da Austrália, Tony Blair e John Howard, respectivamente.
Bush aproveitou a ocasião para medalhar os seus convidados, destacando que os mesmos “mostraram uma firme adesão aos princípios da Liberdade e aos valores democráticos”, assinalando ainda que os mesmos “formam parte dessa classe de pessoas que inspiram confiança e compromisso quando se lhes olha nos olhos”.
Durante a sua veborreia a respeito desta cerimónia, Bush aplidou Tony Blair de “amigo cavalheiresco” e Howard de “homem de ferro”, louvando depois Uribe “por combater sem tréguas o narcotráfico e as FARC-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”.
Não restam dúvidas que no decorrer desta cerimónia Bush estava entre amigos.
Amigos que, tal como o ainda (por pouco tempo) presidente dos EUA, têm as mãos e a consciência conspurcadas com o sangue de um número ainda não quantificado, mas seguramente muito superior a milhão e meio de mortos, tenham eles caído na horrosa guerra do Iraque, ns chacinas sem fim contra camponeses indefesos ou simples cidadãos colombianos, ou vítimas da política opressora de Camberra, que está com os tentáculos bem esticados para tomar conta das (pouquissimas) riquezas existentes em Timor-Leste.
Esta cerimónia juntou na Casa Branca quatro testas de ferro do capitalismo mais feroz que existe no planeta, os quais não têm poupado os próprios filhos da sua pátria para satisfazerem o desejo de domínio do petróleo por parte Washington e, ao mesmo tempo, a aplicação da sua política internacional de carácter imperialista.
Se alguém tem dúvidas acerca da personalidade de Blair, Howard e Uribe, para ficar bem inteirado de quem são basta pôr em prática o ditado popular “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Casa Pia – para quando a verdade?

O processo Casa Pia está outra vez na berlinda. Depois das alegações do Ministério Público em que este foi taxativo em relação aos elementos de prova que incriminam alguns dos arguidos, é agora a vez de a defesa dos mesmos proferir as alegações finais.
Hoje, terça-feira, botou faladura em pleno Tribunal o advogado Ricardo Sá Fernades, defensor de Carlos Cruz, que alegou que toda a investigação foi mal conduzida, não se escusando a apontar que a mesma está inquinada com aquilo a que chamou de “dez pecados mortais”.
Seguindo esse raciocínio, Sá Fernandes também não se coibiu de chamar à investigação “pseudo investigação”.
Como é conhecido, os advogados de defesa são contratados pelos arguidos no intuito de provarem a sua inocência, quando ela existe, ou de “arranjarem” matéria que possa fazer diminuir a culpabilidade dos mesmos.
Não é por isso de estranhar que muitos julgamentos naveguem num mar de declarações contraditórias, com as quais, as mais das vezes, se procura confundir os jurados e a própria opinião pública.
Neste famigerado caso, vários peritos, cada um na sua área, já afirmaram publicamente que os jovens queixosos não mentem e que, em alguns casos, as provas corporais são as principais testemunhas das humilhações que sofreram.
Os relatos desses jovens, feitos em tribunal e na presença dos tais peritos, apontam em várias direcções, muitas delas coincidentes e acusatórias da quase totalidade dos arguidos no processo Casa Pia.
Aliás, provado que está que os miúdos foram violados e vítimas de sevícias sexuais, porque raio teriam eles que apontar a dedo ao arguido A ou B ou C e deixarem de fora aqueles que supostamente os teriam molestado?.
Basta pensarmos um pouco na razão de ser desta pergunta para chegarmos à conclusão que a resposta à mesma só pode ser uma...!
No decorrer destas alegações finais bem podem os advogados argumentarem o que quiserem, porque uma coisa é certa, se colaborarem no encobrimento da verdade serão tão pedófilos quanto o ou os clientes que defendem.
Agora, não basta vir para a rua dizer que foram o Tribunal, a Polícia Judiciária e os meios de comunicação social que criaram este monstro chamado processo casa Pia, quanto mais não seja, porque nenhum jurado, nenhum membro da PJ e nenhum jornalista foi acusado do crime de ter praticado acto sexual com menor de 16 anos.
Os acusados são outros e para bem da verdade é bom que se saiba quem são realmente os culpados e que lhes sejam aplicados os castigos máximos previstos na Lei, não só pelo despudor dos actos praticados como pela vã e ignóbil tentativa de iudirem o Tribunal e a Sociedade, mentindo despudoradamente.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Compadrio à portuguesa

Segundo notícia veículada hoje pelo site “Portugal Dário”, o socialista Armando Vara, ex director da Caixa Geral de Depósitos, de onde saiu em Janeiro de 2008 para ingressar no Banco Comercial Português, foi promovido naquele banco estatal mês e meio após a sua saída e quando já era Vice-Presidente do BCP.
Esta promoção a destempo permitirá aquele ex governante vir a gozar de uma reforma maior quando se aposentar.
Este caso agora trazido à luz do dia ilustra bem a corrupção e o compradio existentes em certos meios políticos portugueses, neste caso, entre pares do partido dito Socialista, que se aproveitam do Poder para “trabalharem” em proveito próprio.
Não é por isso de estranhar que, estando o país como está, em crise permanente e sem solução à vista, certas famílias políticas tenham tanto apreço pelos cadeirões do Poder, fazendo tudo para neles se sentarem.
Quando digo fazendo tudo, é mesmo tudo, incluindo mentir à descarada.
Para esta gente (clientela da política), o que está em causa não é o exercício desse mesmo Poder para melhorar a economia nacional ou para melhorar o bem estar do Povo.
O que está em causa é a possiblidade de poderem “trabalhar” a seu belo prazer em proveito próprio, como este caso, no meio de tantos outros, nos mostra.
Infelizmente, a classe política portuguesa está cheia de oportunismos desta natureza, nos seus mais diversos quadrantes, por isso é que o nosso país era o último da lista na Europa dos doze, continuou a sê-lo na Europa dos 15 e na Europa dos 27, e sê-lo-á sempre seja em que Europa fôr.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Não há bombas que cheguem para calar um Povo amordaçado

O violento ataque militar que os israelitas levam a efeito há vários dias contra o território palestiniano parece não ter fim à vista.
Ministérios, hospitais, clínicas, fábricas, casas e até o próprio parlamento palestiniano já foram derrubados pelos tanques e pela aviação do governo de Tel-a-Viv, numa acção que tem por finalidade inviabilizar o estabelecimento definitivo do Estado Palestiniano na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Bem podem os dirigentes israelitas apregoar que esta ofensiva militar tem por finalidade pôr fim ao lançamento de roquetes do Hamas para o seu território, porque já não enganam ninguém.
É verdade que Hamas fez rebentar em território israelita algumas dezenas de roquetes, os quais, na maioria dos casos, cairam em zonas desabitadas, não provocando danos físicos nem materiais.
Pretendia o Hamas com esta atitude chamar a atenção do governo de Israel para a necessida de pôr fim ao bloqueio aos territórios palestinianos que já dura há cerca de dois anos.
Esse bloqueio, que nunca foi levantado, asfixia o Povo palestiniano, retirando-lhe os bens essenciais para que o dia a dia fosse normal nos territórios da Palestina.
A atitude belicista e desproporcionada agora tomada pelos israelitas, já fez elevar a mais de 420 o número de mortos provocados pela sua acção e subir a mais de 2.000 o número de feridos, alguns deles em estado considerado muito grave e sem assistência médica, e entre eles muitas crianças.
Para se ter uma ideia dos firmes propósitos dos governantes israelitas, basta atentar no facto de estes ataques terem sido levados a cabo após a recente eleição do parlamento palestiniano e após o acordo alcançado entre as duas organizações representativas deste Povo, a Fatah e o Hamas.
O que está aqui em causa não é a luta contra o terrorismo, já que os verdadeiros terroristas são os israelitas. O que está verdadeiramente em causa é o extermínio de um Povo à boa maneira nazi.
Nesta sua acção militar Israel conta com alguns apoios internacionais, uns mais velados que outros, entre os quais sobressai o apoio dos seus amigos de sempre, os Estados Unidos da América, mas, ao mesmo tempo, conta também com a oposição enérgica da comunidade internacional, que se tem manifestado contra esta chacina desde Paris a New York, passando por Londres e por muitas outras cidades e países.
A solidariedade da comunidade internacional para com o Povo palestiniano é algo de imprescindível nesta altura e nós, portugueses, teremos oportunidade de ser também solidários já na próxima segunda-feira, dia para o qual está marcada uma vigília em Lisboa, na Praça do Rossio, às 18 horas.
Concluo este meu pensamento com uma verdade objectiva: não há bombas que cheguem para calar um Povo amordaçado.

Tiago Pereira

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Ano novo, políticas velhas

Neste virar de ano, todos os homens e mulheres conscientes não puderam evitar que passasse pela sua mente o filme dos acontecimentos sociais e políticos do ano de 2008 e de fazerem uma antevisão, à medida de cada um, daquilo que 2009 nos vai trazer.
2008 foi, como todos sabemos, um ano em que os adeptos da política chamada neo-liberal, encorajada pelos EUA e pelos “grandes barões” da Europa do capital, deram seguimento a este modelo económico com os desgraçados resultados que saltam à vista de todos: mais fome, mais miséria, mais desemprego, mais precaridade no trabalho, menos qualidade no ensino, na saúde, na cultura e no meio ambiente.
Este modelo económico, engendrado para servir o grande capital, tem tornado os pobres cada vez mais pobres e, naturalmente, os ricos cada vez mais ricos.
Isto passa-se na União Europeia, nos Estados Unidos, na maioria dos paises da América Central e do Sul e em todos os países que, governados por gente ligada ao capital, fazem do Poder um mero instrumento classista.
Esta política económica também chamada de globalizante, tem conduzido o mundo a um bêco sem saída no aspecto económico, social, cultural e militar.
A recessão económica que abala o mundo ocidental tem levado à falência de milhares e milhares de pequenas e médias empresas, com as consequências catastróficas que este facto implica.
No que diz respeito às grandes empresas e, sobretudo à banca, também ela de um modo geral falida, os Governos têm-se “esfarrapado” para arranjar dinheiro que lhes permita subsistência e, em muitos casos, têm trazido para expensas do Estado bancos e outras estruturas económicas que entretanto foram esvaziados de divisas pelos comedores de dinheiro.
No plano militar e numa visão mais vasta, o hegemonismo norte-americano continua a alimentar guerras no Afganistão e no Iraque, provocando a morte a milhões de pessoas e a encorajar a acção de governos da direita mais belicista, como é o caso dos governos de Israel ou da Colômbia, por exemplo.
Este é, de maneira bastante sintética, o legado que o ano 2008 nos deixou.
Tudo isto implica que este novo ano se inicie sem termos no horizonte uma alternativa realmente credível que nos faça ver a tal luzinha ao fundo do túnel.
Não que essa luzinha não exista.
Não que essa luzinha não tenha consistência política, económica e histórica.
Essa luzinha chama-se Socialismo e só não é a tal alternativa definitivamente credível porque a correlação de forças a nível mundial ainda pende, em larga escala, para o grande capital.
Mediante as actuais contradições por demais evidentes da sociedade capitalista, as quais são, como já referi, catastróficas para a humanidade, talvez muita gente imagine que as mesmas poderão criar as condições objectivas idealizadas por Karl Marx e Frederic Engels para que haja uma mudança na sociedade.
Lamento desapontar os que pensam assim.
O capitalismo é matreiro e astuto e sabe mascarar-se com os disfarces que lhe convêm em cada momento histórico e em cada sociedade.
Na américa, veste a capa de democrata.
Em alguns países diz-se liberal.
No norte da Europa enverga o traje da social-democracia.
No sul da Europa apelida-se de “socialista”.
Se olharmos para estes factos com análise crítica, salvaguardando as devidas proporções de cada país, que diferença existe entre a prática política social do Governo Democrata dos EUA, de um qualquer governo dito liberal da América do Sul ou dos governos ditos “socialistas” de Portugal ou de Espanha?
Acaso não estão todos eles ao serviço da classe dominante?
Acaso não estarão de acordo quanto aos aspectos fundamentais da política internacional de cariz imperialista?
È este o motivo porque imagino que 2009 não nos vai trazer nada de novo no aspecto social e político, tanto a nível nacional como internacional.
Quero com isto dizer que devemos baixar os braços?
Nem pensar!
Cada um de nós tem obrigação de não se calar. Tem obrigação de mostrar a verdade nua e crua aos que nos rodeiam. Tem a obrigação de pôr a nú todas as contradições da sociedade em que vivemos. Tem obrigação de lutar com todas as suas forças pela melhoria de vida do Povo e por um amanhã melhor, que, se não for atingido no nosso tempo, há-de ser atingido no tempo dos nossos filhos ou dos nossos netos.
De uma coisa não devemos duvidar: mais cedo ou mais tarde será a própria História a mostrar o quão injusta é a sociedade em que vivemos e quando isso for visível para a maioria dos habitantes do planeta Terra o capitalismo terá os dias contados.

Francisco Balsinha