quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

É necessário um novo equilibrio militar geoestratégico no mundo


Longe vão os tempos da chamada Guerra Fria, quando os dois blocos militares existentes à face da terra tentavam a todo o custo saber o que se passava do outro lado e, ao mesmo tempo, impôr a paz ditada pelas armas.
Com a derrocada da União Soviética, um desses blocos (Pacto de Varsóvia) acabou também por desmoronar-se, o que fez com que a Nato passasse a ser a única Aliança Militar estratégica do planeta.
A Nato, desde a sua criação, sempre foi dirigida pelos Estados Unidos da América e sempre esteve ao serviço deste país.
Postas as coisas neste pé, não admira que soldados dessa organização, oriundos de vários países, tenham estado por mais que uma vez em distintos teatros de guerra, sempre defendendo interesses americanos e às ordens de militares de patente desse país ou de outros de países “amigos”, mas sempre com o mesmo objectivo.
Hoje, poucas pessoas duvidarão que a invasão do Iraque ou a presença americana no Afeganistão só foram e são possíveis pelo facto de não haver nenhuma estrutura militar organizada que faça os americanos pensar duas vezes.
A par destas guerras, nas quais os EUA estão presentes apenas por questões económicas, a anterior administração de Gorge W. Bush tratou de hegemonizar ainda mais a presença do seu país em várias partes do globo, nomeadamente através da instalação de bases de mísseis de médio alcance em vários países e latitudes.
A instalação dessas estruturas serve fins militares, mas também fins políticos, já que muitas delas estão estratégicamente colocadas de forma a intimidarem países com regimes progressistas, como é o caso da Venezuela, da Bolívia ou da massacrada Cuba.
A próxima escalada militar idealizada por esse ébrio incorrigível que dá pelo nome de Bush, previa a instalação de mais mísseis de médio alcance na República Checa, na Polónia e na Geórgia, países próximos ou fronteiriços com a Rússia, de modo a intimidar os dirigentes e o Povo deste país.
Cientes de mais esta provocação, o Presidente Dimitri Medvedev e o Primeiro-Ministro Vladimir Putin, advertiram a Casa Branca do extremismo de tal posição e avisaram os dirigentes americanos que responderiam à letra e na mesmo moeda, instalando também eles bases de mísseis de médio alcance não muito longe do território dos EUA.
É neste quadro que o Presidente venezuelano Hugo Chavéz ofereceu o seu país à Rússia para esta ali instalar os seus míseis de médio alcance.
No entanto, sabedores dos enormes custos e desvios económicos que provocaria uma nova e desenfreada corrida aos armamentos, os dirigentes russos decidiram tentar a via diplomática para resolver esta questão.
Foi assim que em Novembro de 2008 Medvedev viajou por alguns países da América Central e do Sul, tentando mostrar aos seus anfitriões a razão de ser da posição russa sobre este assunto e, ao mesmo tempo, trabalhando para melhorar as relações bilaterais com países daquela região.
Segundo alguns analistas internacionais, a visita de Dimitri Medvedev ao outro lado do mundo foi muito positiva, tendo inclusivé servido para fechar alguns acordos de interesse de ambas as partes.
Hoje, 28 de Janeiro de 2008, chegou a Moscovo o Presidente cubano Raul Castro, para uma visita de uma semana à Rússia.
Esta visita reveste-se de pleno significado, porque é a primeira vez que um alto dirigente cubano visita aquele país depois da Perestroika.
Raúl encontrar-se-á com o seu anfitrião Medvedev e com o Primeiro-Ministro Vladimir Putin.
Da agenda de trabalhos faz parte uma análise conjunta da situação internacional e a assinatura de vários acordos de interesse bilateral.
Creio que todos nós, democratas, devemos saudar a reaproximação dos povos russo e cubano, ambos não alinhados com os Estados Unidos da América e, ao mesmo tempo, ter a esperança que outros países venham a juntar-se a estes numa frente de paz capaz de começar a pôr em respeito os chefes militares americanos mais belicistas.
O que defendo nestas últimas linhas é sumamente importante para o estabelecimento de um novo equilibro geoestratégico a nível mundial e é, sem sombra de dúvida, uma muleta política para o programa de paz avançado por Barack Obama.


Francisco Balsinha

Sem comentários:

Enviar um comentário