sábado, 31 de janeiro de 2009

A crise económica é sempre paga pelos mesmos, seja em Portugal, em França, nos EUA ou em qualquer outro país do chamado mundo ocidental

Há muitas coisas que não entendo e uma delas é o facto de as crises económicas que, de quando a quando, assolam o mundo ocidental serem sempre vistas como algo natural, não havendo por isso culpados para o seu surgimento.
O caso de Portugal é um pouco diferente. Creio que todos nós, desde que nascemos, ouvimos diáriamente dizer que o país está em crise e o que é facto é que realmente está.
Essa crise existe nos mais diversos aspectos: económico, social, laboral, de valores e, o que é bem triste, nem a crise de vergonha escapa.
Mas voltemos ao tema central desta peça que é a crise económica nacional e internacional.
Esta crise existe porque os países, cada um de per si, aplicaram políticamente os ditames da sociedade de consumo e começaram a gastar mais do que aquilo que na realidade produzem.
Sendo esta uma verdade objectiva, há, contudo, motivos diferentes e particulares da crise económica existente em cada país.
Se olharmos para aquele que alguns chamam o país mais poderoso do mundo, os Estados Unidos da América, facilmente concluiremos que a pobreza agora evidenciada pela economia americana se deve, em grande parte, à política desregrada e belicista de Gorge W. Bush, o qual ao mandar invadir o Iraque e ao manter a presença militar do seu país no Afeganistão, não fez bem as contas ao que essas acções militares iriam custar e o descalabro começou por aí.
É claro que, para além disso, ainda há o problema do crédito mal parado, da construção civil, da falida bolsa de Nova Yorque e de mais uns quantos sectores que, todos juntos, fizeram os EUA caírem no buraco económico em que agora se encontram.
Muitas economias foram arrastadas para o colapso económico pela crise instalada nos Estados Unidos, nomeadamente, com a falência de grandes multinacionais e com a descida da cotação do dólar.
No caso português, o Governo Sócrates andava radiante da vida antes do despoletar desta crise porque, segundo anunciava, as contas públicas portuguesas estavam estabilizadas e a tendência da economia lusa apontava para o crescimento.
Como se viu, nada daquilo que se apregoava tinha qualquer semelhança com a verdade.
A comprová-lo são públicos diversos relatórios oriundos de Bruxelas que desmentem Sócrates e seus pares.
Tanto em Portugal, como nos Estados Unidos da América, como em França, como na generalidade dos países ocidentais atingidos por esta recessão, muitas empresas têm-se visto obrigadas a fechar as suas portas, deixando no desemprego um número incálculavel de trabalhadores, ao passo que outras, também devido à queda do consumo, reduzem drásticamente o seu quadro de assalariados, atirando também muita gente para o desemprego.
Como disse no início deste meu artigo de opinião, há muitas coisas que eu não percebo e uma delas é precisamente esta: subindo o número de desempregados, seja em que país fôr, essa facto gera duas situações:

1) Os trabalhadores desempregados deixam de contribuir para o Estado e, ao mesmo tempo, passam a onerá-lo com os respectivos subsídios de desemprego;
2) Havendo menos mão de obra a trabalhar há menos produção de riqueza.
Creio que não é preciso ser economista para se chegar a esta lógica tão simples.
Havendo menos produção de riqueza, há que “apertar o cinto”, estando esta medida apenas confinada aos trabalhadores, que não vêm aumentos e que vêm o custo de vida aumentar, aos idosos que já não têm dinheiro senão para os medicamentos e aos mais desfavorecidos da sociedade.
Os ricos não têm que apertar o cinto porque, como sabemos, têm as suas reservas financeiras que, mesmo beliscadas pela flutuação do mercado, dão para superar esta crise e quantas mais crises houver.
Como sabemos – todos sabemos isso, ricos, pobres, remediados, letrados e analfabetos – são sempre os mesmos a pagar a crise gerada por um sistema político que só beneficia a classe mais alta da sociedade, seja no nosso país ou em outro país qualquer dito do primeiro mundo.
A coberto da crise, para além dos ricos, estão os novos ricos que passaram pela direcção dos partidos à direita do PS, inclusivé, e pelos anteriores governos e que hoje estão prosápiamente sentados nos cadeirões das administrações de empresas públicas e privadas para onde lhes arranjaram “tacho”.
Se perguntarem aos trabalhadores se eles acham que contribuiram para degeneração desta crise económica, a resposta será necessáriamente negativa.
Por outro lado, os governantes sabem bem que a crise não cresceu à custa de quem cria riqueza, os trabalhadores, então porque continuar a fazer com que sejam eles a arcar com o onús da questão?
É isto que eu não entendo...!

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