sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Ano novo, políticas velhas

Neste virar de ano, todos os homens e mulheres conscientes não puderam evitar que passasse pela sua mente o filme dos acontecimentos sociais e políticos do ano de 2008 e de fazerem uma antevisão, à medida de cada um, daquilo que 2009 nos vai trazer.
2008 foi, como todos sabemos, um ano em que os adeptos da política chamada neo-liberal, encorajada pelos EUA e pelos “grandes barões” da Europa do capital, deram seguimento a este modelo económico com os desgraçados resultados que saltam à vista de todos: mais fome, mais miséria, mais desemprego, mais precaridade no trabalho, menos qualidade no ensino, na saúde, na cultura e no meio ambiente.
Este modelo económico, engendrado para servir o grande capital, tem tornado os pobres cada vez mais pobres e, naturalmente, os ricos cada vez mais ricos.
Isto passa-se na União Europeia, nos Estados Unidos, na maioria dos paises da América Central e do Sul e em todos os países que, governados por gente ligada ao capital, fazem do Poder um mero instrumento classista.
Esta política económica também chamada de globalizante, tem conduzido o mundo a um bêco sem saída no aspecto económico, social, cultural e militar.
A recessão económica que abala o mundo ocidental tem levado à falência de milhares e milhares de pequenas e médias empresas, com as consequências catastróficas que este facto implica.
No que diz respeito às grandes empresas e, sobretudo à banca, também ela de um modo geral falida, os Governos têm-se “esfarrapado” para arranjar dinheiro que lhes permita subsistência e, em muitos casos, têm trazido para expensas do Estado bancos e outras estruturas económicas que entretanto foram esvaziados de divisas pelos comedores de dinheiro.
No plano militar e numa visão mais vasta, o hegemonismo norte-americano continua a alimentar guerras no Afganistão e no Iraque, provocando a morte a milhões de pessoas e a encorajar a acção de governos da direita mais belicista, como é o caso dos governos de Israel ou da Colômbia, por exemplo.
Este é, de maneira bastante sintética, o legado que o ano 2008 nos deixou.
Tudo isto implica que este novo ano se inicie sem termos no horizonte uma alternativa realmente credível que nos faça ver a tal luzinha ao fundo do túnel.
Não que essa luzinha não exista.
Não que essa luzinha não tenha consistência política, económica e histórica.
Essa luzinha chama-se Socialismo e só não é a tal alternativa definitivamente credível porque a correlação de forças a nível mundial ainda pende, em larga escala, para o grande capital.
Mediante as actuais contradições por demais evidentes da sociedade capitalista, as quais são, como já referi, catastróficas para a humanidade, talvez muita gente imagine que as mesmas poderão criar as condições objectivas idealizadas por Karl Marx e Frederic Engels para que haja uma mudança na sociedade.
Lamento desapontar os que pensam assim.
O capitalismo é matreiro e astuto e sabe mascarar-se com os disfarces que lhe convêm em cada momento histórico e em cada sociedade.
Na américa, veste a capa de democrata.
Em alguns países diz-se liberal.
No norte da Europa enverga o traje da social-democracia.
No sul da Europa apelida-se de “socialista”.
Se olharmos para estes factos com análise crítica, salvaguardando as devidas proporções de cada país, que diferença existe entre a prática política social do Governo Democrata dos EUA, de um qualquer governo dito liberal da América do Sul ou dos governos ditos “socialistas” de Portugal ou de Espanha?
Acaso não estão todos eles ao serviço da classe dominante?
Acaso não estarão de acordo quanto aos aspectos fundamentais da política internacional de cariz imperialista?
È este o motivo porque imagino que 2009 não nos vai trazer nada de novo no aspecto social e político, tanto a nível nacional como internacional.
Quero com isto dizer que devemos baixar os braços?
Nem pensar!
Cada um de nós tem obrigação de não se calar. Tem obrigação de mostrar a verdade nua e crua aos que nos rodeiam. Tem a obrigação de pôr a nú todas as contradições da sociedade em que vivemos. Tem obrigação de lutar com todas as suas forças pela melhoria de vida do Povo e por um amanhã melhor, que, se não for atingido no nosso tempo, há-de ser atingido no tempo dos nossos filhos ou dos nossos netos.
De uma coisa não devemos duvidar: mais cedo ou mais tarde será a própria História a mostrar o quão injusta é a sociedade em que vivemos e quando isso for visível para a maioria dos habitantes do planeta Terra o capitalismo terá os dias contados.

Francisco Balsinha

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