sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Descansa em paz querida Joana

Segundo notícias hoje propagadas pela comunicação social, Leonor Cipriano, a mãe da menina desaparecida em Setembro de 2004, resolveu agora desatar a língua e contar toda a verdade deste fatídico caso.
Em documento de oito páginas, escrito pela própria, Leonor conta que o seu irmão João Cipriano a teria convencido a vender Joana a um casal que a levaria para Espanha, em troca de dinheiro, garantindo-lhe que a família era de confiança e que a sua filha iria ser muito bem tratada.
Depois da venda da menina, a ideia de João era simular que a mesma havia sido raptada.
Ainda segundo Leonor, quando João Cipriano se foi encontrar com o tal casal, levando consigo a sobrinha para a entregar, verificou que os seus interlocutores não traziam o dinheiro combinado, pelo que resolveu não entregar a menina.
Entretanto, Joana ter-se-ia apercebido da conversa e do que lhe estaria reservado, pelo disse ao tio que iria contar tudo, o que fez com este a espancasse até à morte.
Ainda segundo Leonor Cipriano, o seu irmão teria depois escondido o corpo da menina nas proximidades de casa, enterrando-a mais tarde num local a que chamou “os Montes da Figueira”.
Leonor Cipriano e o seu irmão estão presos, com pena de 16 anos e 8 meses de detenção cada um.
Após esta carta e a nova versão do caso que a mesma encerra, é natural que o Tribunal mande reabrir o processo e até que possa haver novo julgamento.
Infelizmente, como é do domínio público, casos desta natureza, em que adultos tratam as crianças com o maior desprezo, levando-as muitas vezes a espancamentos sem medida e até à morte, são cada vez em maior número na sociedade portuguesa e nas quatro partidas do mundo.
A falta de formação, a obcessão pelo dinheiro, a falta de escrúpulos e a completa ausência de amor pelas crianças, são, nos dias que correm, factos comprovados.
A sociedade em que vivemos, onde a brutalidade e a promiscuidade nos são impingidas à força pela televisão, pelo cinema e por outros meios, é, sem qualquer sombra de dúvidas, o veículo principal da perca de sentimentos, do sentido de honra ou do sentido de família que um cada vez maior número de cidadãos vai patenteando.
É por essas e por outras que este mundo em que vivemos, cada vez mais adulterado à “boa” maneira humana, mete nojo a qualquer pessoa que ainda preze o valor dos sentimentos e se recuse a viver no meio das vaidosices bacocas que a sociedade capitalista nos impõe.
Não sei, aliás, ninguém sabe neste momento, se a história agora contada sobre a morte da pequena Joana é verdadeira ou mais um capítulo de uma qualquer novela que passa pela mente da sua mãe.
Do que tenho a certeza é que os restos mortais da criança devem ser procurados e encontrados, para que tenha um funeral digno, e tanto a Leonor como a João Cipriano, a justiça lhes seja servida à “ponta de espada”, sem nenhum atenuante, porque quem pratica um acto desta natureza ou é conivente com o mesmo, não merece mais que estar encerrado entre quatro paredes, se possível até ao fim da vida.

Francisco Balsinha

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