terça-feira, 21 de abril de 2009

Autarcas desviam dinheiro dos contribuintes


A edição de hoje do matutino “Jornal de Notícias” traz uma manchete de primeira página onde se pode ler o seguinte: “Autarcas pagam multas pessoais com verbas das câmaras”.
O mesmo jornal, na página 25 da mesma edição, numa peça assinada pela jornalista Alexandra Figueira, noticia que “ vários autarcas usaram dinheiro das câmaras para pagar multas passadas, a título pessoal, pelo Tribunal de Contas, em vez de as saldarem do seu próprio bolso, como manda a lei”.
Este escândalo não vai, com toda a certeza, causar grande perplexidade na população portuguesa.
Isto porque, como bem sabemos, não há dia em que os órgãos de comunicação social não relatem casos de abuso do poder, utilização fraudulenta do dinheiro dos contribuintes e corrupção aos mais variados níveis.
Portugal é hoje um país “sem rei nem roque”, onde se rouba descaradamente o erário público e, ainda mais triste que isso, é um país onde os ladrões, os corruptos e os aproveitadores da ignorância alheia quase nunca são condenados devido à morosidade da Justiça.
Mesmo assim, a notícia acima citada veio mostrar-nos, mais uma vez e de maneira insofismável, a que tipo de classe política está o país entregue.
O compadrio, a corrupção, o despotismo e a falta de vergonha não estão instalados somente neste ou naquele órgão de poder.
Estão instalados, há dezenas de anos, nos mais diversos patamares da política portuguesa.
As notícias que diariamente nos chegam mostram-nos que, actualmente, não se é político tendo como missão servir o país e o Povo.
Aliás, se houver meia dúzia de políticos portugueses que ainda tenham esse espírito de servir o país e o próximo, devemos tirar-lhes o chapéu e estender-lhes a passadeira da honra, mas, ao mesmo tempo, considerá-los de espécie em vias de extinção.
Quanto aos restantes políticos, quase todos bem dotados de argumentos e contra-argumentos que os fazem parecer entendidos em alguma coisa, não passam de “lobos vestidos com peles de cordeiro”, cuja única finalidade é a de se servirem a si próprios e a clientela política que os bajula.
È por isso que Portugal está na posição política, económica, social e cultural em que se encontra.
Perante este estado miserável em que o país está mergulhado e à falta de melhores argumentos, resolveram alguns dizer que atravessamos tempos de crise.
Esta “crise” dura há cerca de 30 anos e é o bode expiatório da incompetência e do faz de conta da política e dos políticos que têm estado à frente dos destinos dos mais variados órgãos do Poder, excepção feita à Presidência da República que, por terem esvaziado os poderes deste órgão de soberania, fizeram com que o seu titular não tenha qualquer interferência nas políticas do Estado.
Querem uma prova provada de que a classe política que nos governa não passa de um zero à esquerda em matéria de defesa dos interesses do Estado e dos cidadãos?
Atentem nas palavras do Secretário de Estado do Tesouro, Carlos Pina, citado pelo “JN”, acerca do assunto com que abri este artigo: “poderá estar em causa responsabilidade criminal , uma vez que foi usado dinheiro público para pagar uma dívida pessoal”.
A palavra “poderá” é bem elucidativa da forma como este assunto de desvio de dinheiro dos contribuintes vai ser tratado.
Nas palavras de Carlos Pina este “poderá” não é mais que uma evasiva acerca de um tema que ele próprio, Secretário de Estado do Tesouro, parece não ter muito bem a noção da forma como a Justiça o vai encarar.
E é no meio de evasivas como esta que nós, Zé Povinho, “cá vamos, cantando e rindo, levados, levados sim” até ao abismo mais profundo.



Francisco Balsinha

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