quarta-feira, 22 de abril de 2009

Nova maioria parlamentar PS?... Volte para lá a boca senhor José Sócrates!


Ouvir falar o nosso primeiro-ministro é um acto deprimente para qualquer cidadão.
É esta a ideia que tenho formada há vários anos sobre este assunto e a mesma ainda se tornou mais arreigada depois da entrevista que José Sócrates deu na noite de ontem ao canal estatal de televisão.
Falho de ideias novas e, sobretudo, de novas propostas políticas para tirarem o país da crise, o líder do Governo fala como se a sua governação fosse a única possível e faz ouvidos moucos às críticas e propostas da oposição e dos sindicatos, e aos recados do Presidente da República.
Para José Sócrates, todas as medidas políticas que o seu executivo tomou desde o início da legislatura foram as melhores e não podem ser postas em causa.
Ainda que alguma voz se levante, mais autorizada ou menos autorizada, em matéria de política, economia, desemprego, segurança, ou no que quer que seja, o nosso primeiro e o seu governo fazem “ouvidos de mercador” e, lá no seu íntimo, mandam o orador pregar aos peixinhos, seguindo o exemplo de um “santo” de que algumas vezes ouvimos falar.
Esta postura política por parte do líder do partido do auto-proclamado socialismo em liberdade assemelha-se à postura política do velho ditador Salazar que, ciente da sua razão absoluta, não admitia qualquer voz discordante da sua, fosse no governo, na Assembleia Nacional fascista, na comunicação social ou em qualquer outra tribuna da sociedade.
Hoje os tempos são outros, a Assembleia da Republica é eleita de forma democrática e dentro dela estão sentados vários partidos que representam o voto dos portugueses.
Mesmo assim, em cada confronto parlamentar entre os deputados da oposição e o governo, lá vem o nosso primeiro com aquele seu ar de irascível mandar às malvas tudo o que os deputados dos outros partidos que não o seu disserem e defender de forma assanhada a política do seu governo.
Esta forma de estar na politica (e também na vida?), aceitando como bom apenas aquilo que sai da sua cabeça e do interior do PS,
não passa de uma maneira redutora e pouco inteligente de lidar em democracia com o contraditório.
Voltando outra vez à entrevista que Sócrates concedeu ontem à RTP, o que ficou dela foi a certeza que, segundo o chefe do executivo luso, todos os males que assolam o país são culpa da crise e não de décadas de governação com a adopção de políticas neo-liberais.
José Sócrates aproveitou também aquele espaço televisivo para garantir aos portugueses que o licenciamento do Freeport foi legal e para defender publicamente os seus secretários de estado do governo Guterres.
Respondendo a uma pergunta dos jornalistas, o Primeiro-Ministro disse duvidar que o caso Freeport lhe possa vir a custar nova maioria absoluta nas próximas eleições parlamentares.
No meu ponto de vista, acho que o que o país menos necessita é dessa nova maioria absoluta do PS, a qual seria alicerçada em mais “quero, posso e mando” e no desprezo absoluto pelas necessidades dos mais carenciados
À parte isso, a própria democracia sairia enfraquecida pelo já costumeiro e constante desprezo pela razão de ser da oposição em sede parlamentar e pelos sindicatos como representes legítimos dos trabalhadores.


Francisco Balsinha

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