quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Ministério da Saúde é claro quanto à qualidade dos medicamentos genéricos


Nos últimos dias estalou mais uma guerra entre a classe médica e a classe farmacêutica, tendo como pano de fundo a questão dos medicamentos genéricos.
Neste caso, os farmacêuticos fizeram menção de passarem a vender medicamentos genéricos sempre que os seus clientes estejam de acordo com isso, ainda que o respectvo médico tenha prescrito um ou mais medicamentos convencionais.
Alegam os farmacêuticos e a sua organização de classe, o Infarmed, que os medicamentos genéricos em nada são deiferentes dos medicamentos convencionais porque, em cada caso específico, contêm a mesma substância activa, forma farmacêutica e dosagem e a mesma indicação e efeito que o medicamento de marca, custando ao doente até 35% menos que o medicamento original.
No calor do bate-boca a este respeito entre farmacêuticos e médicos, saiu a terreiro a ministra da saúde que se pôs ao lado da classe médica, informando as farmácias que o Estado não não dará nenhuma comparticipação na venda de medicamentos genéricos sempre que os médicos não tenham autorizado a sua prescrição em troca dos medicamentos convencionais receitados.
Perante tal cenário, a maioria dos portugueses não entenderá muito bem tamanho alarido e, certamente, por desconhecimento, não terá ainda opinião formada sobre o assunto.
Com o intuito de me documentar melhor sobre esta questão, fiz várias pesquisas, as quais me levaram, entre outros sites, ao site do Ministério da Saúde, onde pude ler o seguinte:

Saiba mais sobre medicamentos genéricos, suas características e vantagens.

O que são medicamentos genéricos?


Um medicamento genérico é um medicamento com a mesma substância activa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação que o medicamento original, de marca.


Quais as vantagens dos medicamentos genéricos?


Os medicamentos genéricos têm a mesma qualidade, eficácia e segurança a um preço inferior ao medicamento original (35 por cento mais baratos do que o medicamento de referência).
Porque são mais baratos os medicamentos genéricos?
Porque após o período de protecção de patente dos originais, os fabricantes de genéricos não têm os custos inerentes à investigação e descoberta de novos medicamentos. Assim, podem vender medicamentos genéricos com a mesma qualidade mas a um preço mais baixo do que o original.


Como posso identificar um medicamento genérico?

Os medicamentos genéricos são identificados pela Denominação Comum Internacional (DCI) das substâncias activas, seguida do nome do titular da Autorização de Introdução no Mercado (AIM) ou de um nome de fantasia, da dosagem, da forma farmacêutica e da sigla «MG», inserida na embalagem exterior do medicamento.


Como são prescritos os medicamentos genéricos?

São prescritos pela denominação comum internacional (DCI) ou nome genérico das substâncias activas, seguido do nome de fantasia, quando exista, ou do nome abreviado do titular de AIM, e da dosagem e da forma farmacêutica”.


Após a leitura desta descrição, fiquei sem entender a posição da ministra da saúde, titular de um ministério que compara na composição e no efeito os medicamentos genéricos aos convencionais, com a grande vantagem de aqueles serem substancialmente mais baratos.
Fico também sem entender o finca pé da classe médica em não querer deixar substituir a prescrição de medicamentos convencionais pela prescrição de medicamentos genéricos, uma vez que estes, segundo o Ministério da Saúde, têm “a mesma qualidade, eficácia e segurança” que os medicamentos originais.
Num país como o nosso, onde a saúde é um negócio, recuso-me a acreditar que a prescrição de medicamentos também faça parte desse negócio.
No entanto, para que essa ideia não ganhe espaço na mente dos portugueses, é necessário que nos esclareçam convenientemente sobre o assunto, já que, depois de vermos diariamente tantos delegados de propaganda médica a “rondarem” os médicos nos centros de saúde, somos levados a pensar o pior, ou seja, que também aqui poderá andar “gato escondido com o rabo de fora”.

Francisco Balsinha

2 comentários:

  1. Sr.Fernando, tal duvida também me assaltou, fiquei deveras preocupado, tanto que coloquei a questão a um médico amigo/familiar, e garantiu-me exactamente o mesmo que a Sra. Ministra da saúde, que os medicamentos genéricos são "iguais" aos de marca, mas, claro que existe um mas (qual gato escondido,) existem diferenças, fiquei ainda pior após esta contradição, e tais diferenças se devem a que a aprovação para entrada no mercado serem feitas só com a aprovação de estudos e outras papeladas, não é feita qualquer analise/verificação ao medicamento, será isto verdade? fico com duvidas! mas a ser verdade é preocupante. Mais ainda, tive conhecimento de um dossier "medicamento genérico" aprovado em Portugal e que depois foi para outro pais da UE e após analises aleatórias ao mesmo, não aprovou nesse pais ?!

    ENTÃO EM QUE É QUE FICAMOS? PERGUNTEI E NADA, FIQUEI NA MESMA!

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  2. Prezado Leitor

    Receba os meus agradecimentos por ser leitor deste blog.
    Quanto à questão dos medicamentos genéricos, como temos visto nos últimos dias, "cada cabeça sua sentença", sendo que a sentença tem a ver com o interesse de quem a apregoa.
    O Infarmed é a instituição que em Portugal dá luz verde para que um medicamento possa ser comercializado.
    Isto passa-se em relação aos medicamentos convencionais e também em relação aos genéricos.
    Por esse motivo, não vejo motivos para crer que as decisões e os critérios do Infarmed em relação aos medicamentos de marca e aos medicamentos genéricos sejam tomadas sob princípios diferentes.
    No meu caso pessoal, tomo um determinado medicamento para a tensão arterial.
    O preço desse medicamento fabricado no laboratório de marca é de cerca de 40 euros e dá para um mês.
    O mesmo medicamento fabricado por um laboratório de genéricos custa o mesmo preço, mas traz comprimidos para dois meses.
    Neste caso, tive que quase obrigar o médico a receitar-me o genérico, algo que ele não queria, mas que acabou por suceder.
    Já tomo o genérico há cerca de três meses e não senti qualquer diferença na mudança.
    Por outro lado, quanto à questão que me falou sobre os estudos sobre os medicamentos genéricos, o que se passa é o seguinte:
    Um determinado laboratório avança para o abrico de um determinado medicamento e antes de o sujeitar à aprovação das autoridades oficiais, gasta uma enormidade de dinheiro em experiências para ver qual o comportamento do medicamento e as reacções que o mesmo pode provocar.
    Neste estudo são envolvidas milhares de cobaias (seres humanos), o que torna o estudo caríssimo.
    Depois de o medicamento ser posto no mercado, o fabricante pode, ao fim de dez anos, vender a patente desse medicamento, ou seja, a fórmula como o mesmo é fabricado.
    Quem compra essas patentes são os laboratórios fabricantes de genéricos que, por o medicamento estar no mercado, não necessita de fazer as experiências que o laboratório original teve que fazer, conseguindo assim um produto bem mais barato que por isso é vendido a preço mais económico ao consumidor final.
    É claro que na área da saúde, como em todas as áreas da sociedade, há interesses ocultos, e a campanha contra os genéricos é feita pelos laboratórios fabricantes de medicamentos originais e, sobretudo pelos médicos, a quem esses laboratórios pagam viagens ao estrangeiro e outras mordomias para que estes não receitem genéricos.
    Se tem dúvidas neste aspecto bastar-lhe-á quando for ao seu centro de saúde reparar nos inúmeros delegados de propaganda médica que esperam pelo fim das consultas para aliciarem os médicos.
    Esses delegados são, na sua esmagadora maioria, pertencentes a laboratórios fabricantes de medicamentos convencionais.
    Como vê, amigo leitor, tudo isto é um negócio, mas, no meu caso pessoal, limito-me a seguir as informações do Infarmed sobre este assunto, as quais estão citadas no site do Ministério da Saúde, o que quer dizer que são partilhadas também por esse ministério.
    O mais é música...
    Não quero com esta resposta ao seu comentário, que li com muita atenção e que muito agradeço, levar o amigo leitor a seguir a minha prática.
    Essa é uma decisão que cabe a cada um de nós.
    Mas se estivermos bem elucidados sobre esta matéria, com certeza que a nossa decisão final será mais fácil de obter.

    Reeba um abraço amigo do

    Francisco Balsinha

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