domingo, 22 de fevereiro de 2009

Caso BPN: as ambiguidades são mais que muitas

Segundo alguns jornais, está mais que provado que o Dr. Manuel Dias Loureiro, ex administrador da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que detinha o Banco Português de Negócios (BPN), mentiu quando foi pela primeira vez chamado à Assembleia da República para prestar declarações perante a respectiva comissão de inquérito, que investiga as causas do surgimento do enorme buraco financeiro que levou o BPN à falência e, por fim, à sua nacionalização.
Perante os deputados daquela comissão, Dias Loureiro enveredou por um tipo de discurso que apelava à sua suposta amnésia, já que, por mais que uma vez, referiu não se lembrar de actos importantes da sua administração, incluindo alguns onde está documentado o seu empenhamento através da sua assinatura.
Segundo o jornal semanário “Expresso” desta semana, Manuel Dias Loureiro terá mentido aos deputados quando afirmou desconhecer o “Excelence Assets Fund”, que está relacionado com uma of-shore aberta em Porto Rico.
Perante a pressão exercida pelos media, o antigo ministro do PSD já se declarou disposto a ser mais uma vez interrogado pela comissão de inquérito parlamentar, dando a entender que entretanto se lhe avivou a memória quanto a alguns factos anteriormente omitidos.
Perante tal situação, a opinião pública portuguesa está a pôr em causa, cada vez com mais força, a permanência deste barão do PSD como membro do Conselho de Estado.
Olhando para o processo do Banco BPN e para as responsabilidades que Manuel Dias Loureiro detinha na sua estrutura, não se entende que, perante tamanho buraco financeiro ainda não explicado e perante as mentiras proferidas em sede parlamentar, este administrador de empresas e homem da política ainda não tenha tido a coragem de se ver ao espelho e, de seguida, pedir a a sua demissão daquele orgão institucional ou, pelo menos, a suspensão temporária do seu cargo.
Outra coisa que também não se entende é a posição ambígua assumida quanto a este caso pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, chegando ao ponto de afirmar, citado pela TSF, que já falou o suficiente sobre o caso BPN e que mantém confiança política em Manuel Dias Loureiro.
Sendo o Presidente da República o mais alto magistrado da nação e o garante máximo da democracia, apetece perguntar o porquê de tanta ambiguidade nas suas declarações quanto a este famigerado caso e o porquê de estar ostensivamente a ajudar a manter políticamente em pé alguém que alegadamente prejudicou seriamente o Estado português.


Francisco Balsinha

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