segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O conselho de Cavaco Silva

Os telejornais desta segunda-feira, dia 9 de Fevereiro de 2009, voltaram a dar bastante ênfase aos despedimentos que diáriamente vão acontecendo de norte a sul do nosso país.
Todos os dias, centenas de pessoas vêm ser-lhes negado o ganha pão, muitas delas com créditos para pagar, com famíla para sustentar e, não raras vezes, com medicamentos que todos os meses têm que ser comprados e tomados, para que possam conservar o seu bom estado estado de saúde.
Infelizmente, há muitos casos em que fábricas são encerradas onde trabalhavam marido e mulher, o que significa que as famílias atingidas ficam sem qualquer porvento para se sustentar, pelo menos até que chegue o diminuto subsídio de desemprego que, as mais das vezes, leva meses a chegar.
Mediante tão caótico cenário no mundo laboral e sem que se veja uma saída para a crescente e calamitosa situação da falta de emprego, há pessoas que estão num enorme estado de desespero, sem saber o que hão-de fazer à vida.
O Presidente da República, Prof. Aníbal Cavaco Silva, chamou hoje a atenção do Governo para o facto de o problema do desemprego só se conseguir resolver à custa do aumento das exportações.
Cavaco Silva é um político experimentado e com conhecimentos nesta área política, em virtude de ser professor universitário da cadeira de economia, pelo que os seus reparos e conselhos em matéria económica são sempre de levar em conta.
Não sei, nem sabe ninguém, se estas palavras do mais alto Magistrado da Nação encontrarão eco na mente dos nossos governantes, nomeadamente na mente do próprio Primeiro-Ministro.
Uma coisa é certa, para se aumentar a nossa capacidade de exportação há que desenvolver novas indústrias, as quais têm que atender aos mais modernos conceitos de produção, para que as mesmas não fiquem atrofiadas e em desvantagem em relação às indústrias de outros países.
Para esse efeito, há também que criar um número considerável de novas empresas, geridas por empresários competentes e que possam gerar um número avultado de postos de trabalho.
Após a adesão de Portugal à então CEE, as mais produtivas e competitivas indústrias de que Portugal dispunha foram por àgua abaixo e uma elevada percentagem de empresários tiveram que fechar as portas das suas empresas.
Por esse motivo, não nos resta outra alternativa que iniciar a construção um novo parque industrial a nível nacional, onde a mão de obra qualificada e a mais moderna tecnologia possam ser factores determinantes.
Como é óbvio, para isso é preciso dinheiro e o tecido empresarial português, também afectado pela crise, não está nas melhores condições económicas para investir.
Neste caso, cabe ao Estado criar as condições necessárias, através da concessão de créditos bonificados, a médio e longo prazo, que possam ser o sustentáculo inicial da construção desse novo parque industrial português.
Para além das medidas já citadas, há outra que não pode ser descurada porque não é menos importante: o marketing da nossa indústria que tem que ser feito (e bem feito) aquém e além fronteiras.
Apesar da crise internacional ainda ditar leis, há economias e mercados que ainda não bateram no fundo.
Os países de língua lusófona, alguns países de leste, a América Latina e a própria Àfrica, enquanto continente emergente, devem ser “trabalhados” para que possam vir a ser destinos de eleição das nossas exportações.
Como já deixei escrito, para tudo isto é preciso dinheiro, mas se o Estado português, através das políticas do actual governo, teve quase milhão e meio de euros para tentar salvar o BPN, banco da periferia da economia nacional, e parece ter também para alimentar a construção de obras megalómanas, como a construção da linha do TGV, a nova ponte para o Barreiro e o Aeroporto de Alcochete, é mais que lógico que deixe essas obras em banho maria e aposte firmemente na reconstrução económica de Portugal, através do aumento da capacidade de produção do nosso país e, consequentemente, do aumento do volume das nossas exportações.
O que está em causa é o emprego de centenas e centenas de milhares de pessoas.
O que está também em causa é a reconstrução da economia nacional.
Então, de que é que estão à espera?

Francisco Balsinha

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