terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Nova maioria absoluta do PS?. Não, obrigado!

Tal como tinha previsto no artigo intitulado “Vem aí mais do mesmo...”, postado neste blog no passado dia 15 deste mês, a desorganização do PSD e a falta de alternativas à sua esquerda ao nível do Poder, fazem com que o Partido Socialista, de José Sòcrates, encare o próximo acto eleitoral para o parlamento como um mero exercício à sua capacidade de reconquistar a maioria absoluta.
Se algumas dúvidas subsistissem a este respeito, Almeida Santos tratou de dissipá-las ao afirmar: “Nunca nos aproximámos de umas eleições legislativas com 40 por cento nas sondagens como agora, portanto, acho que há todas as condições para termos a maioria absoluta”.
Estas declarações foram proferidas aos microfones do Rádio Clube Português e citadas esta terça-feira pelo site “PortugalDiário”.
No seu “discurso” radiofónico, Almeida Santos abordou também as críticas que têm sido feitas à governação do seu partido, afirmando que o primeiro-ministro “fez reformas à esquerda”, para logo a seguir adiantar que “o PS continua a ser um partido de esquerda, talvez não tão de esquerda como alguns desejavam, mas isso é natural. A verdade é que o mundo todo não tem ido para a esquerda nos últimos anos. Pode ser que agora seja necessário guinar um bocado à esquerda para combater a crise, que é o que está a acontecer, mas até aqui, o mundo todo não tem estado à esquerda”.
Com este tipo de afirmações Almeida Santos dá mostras de ter alguma dificuldade em saber interpretar o caminho da História.
Se o mundo vive actualmente mergulhado numa crise da qual não se sabe a verdadeira amplitude nem se podem adivinhar as respectivas consequências futuras, isso deve-se precisamente à política de direita praticada pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia.
Durante muitos anos, as multinacionais norte-americanas e europeias sugaram até ao tutano os recursos naturais do planeta e exploraram desenfreadamente as classes trabalhadoras, fazendo com que estas actualmente estejam próximo da miséria, sobretudo nos países mais pobres e de mão de obra mais barata.
Ao mesmo tempo, a classe média, outrora florescente económicamente, praticamente desapareceu do mapa.
O resultado desta política de direita à escala mundial está hoje bem visível nos fartos milhões de desempregados existentes no mundo ocidental, no empobrecimento das famílias, na falência de um número cada vez maior de pequenas e médias empresas e dos sistemas de segurança social, na corrupção ao mais alto nível e na falta de saída política e militar para as guerras do Iraque e do Afeganistão.
Esta crise económica afecta de tal maneira o mundo capitalista, que agora até as gigantescas empresas supranacionais como a General Motors, a Toyota e a Saab, por exemplo, estão à beira da falência.
Resumindo tudo isto em poucas palavras, o caos político, económico e social domina o mundo ocidental.
Portugal também não escapa a esta onda de desvario.
Governado por executivos de direita desde há mais de 30 anos, o nosso país vive na agonia económica e no empobrecimento generalizado das populações.
Os próprios governos PS, cuja doutrina política está radicada na ala direita da social-democracia europeia, têm contribuído para afundar cada vez mais “este cantinho à beira-mar plantado”.
O actual Governo, chefiado por José Sócrates, ilustra na perfeição o que acabo de afirmar.
Portugal está hoje pior em todas as vertentes do que quando este Governo tomou posse há quase quatro anos.
Quando Almeida Santos diz que “o PS continua a ser um partido de esquerda”, está a seguir a metáfora lançada por Sócrates no congresso socialista ao afirmar que o seu partido pertence à “esquerda moderna”.
Que esquerda é esta, perguntarão muitos de vocês.
No meu ponto de vista, é uma pseudo "esquerda" que não tem em conta os ensinamentos da História nem o legado dos grandes filósofos e economistas que na primeira metade do século XIX definiram com clareza as relações económicas da sociedade capitalista que emergia e a forma de as tornar mais justas.
Esta auto proclamada “esquerda moderna” está mais preocupada com o estabelecimento de políticas que sirvam os interesses dos detentores da acumulação de riqueza do que com aqueles que são as verdadeiras alavancas de produção dessa mesma riqueza.
O resultado dessa política está bem à vista. O fosso entre os ricos e os pobres é cada vez maior.
Voltando a Almeida Santos, diz ele que “pode ser que agora seja necessário guinar um bocado à esquerda para combater a crise, que é o que está a acontecer, mas até aqui, o mundo todo não tem estado à esquerda”.
Com estas palavras o alto dirigente socialista reconhece que as políticas de esquerda são eficazes para combater a crise e que a adopção das mesmas já está a ser levada à prática. Só se esqueceu foi de dizer onde é que isso acontece.
Em Portugal não é, disso tenho eu a certeza.
Com a referida afirmação, Almeida Santos deu também, ainda que inadvertidamente, uma pista de voto aos portugueses... se querem vencer a crise, votem à esquerda.
Mas em qual esquerda, perguntarão os amigos leitores.
E eu respondo-lhes: na esquerda verdadeira, naquela que nunca trocou a luta em favor dos trabalhadores, dos mais humildes e dos mais desfavorecidos por cadeirões do Poder, nem se deixa corromper.
Essa esquerda existe, está à esquerda do PS e tem mais que uma opção.
Como vêm, ainda existe uma luzinha ao fundo do túnel.

Francisco Balsinha

2 comentários:

  1. Está provado pelo menos pela quarta vez na história recente, que Portuigal e os Portugueses não têm capacidade para gerir maiorias absolutas.
    Para quê insistir na fórmula?
    Socrates pelo PS demonstrou na prática ser no mínimo tão arrogante quanto o Cavaco e estes se continuassem no poder, encaminhar-se-iam para a ditadura.
    Basta! O povo precisa abrir os olhos!

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  2. Obrigado por visitar o meu blog e pelo comentário que me enviou.
    Ficarei feliz se puder contar mais vezes com a sua visita.

    Cumprimentos

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