sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A seguir ao caso Esmeralda, temos agora o caso Ana

Ainda não se apagaram da memória dos portugueses os ditames do infeliz caso Esmeralda e já outro caso com algumas parecenças vai tomando conta dos telejornais e da imprensa escrita.
A pequena Ana, de três anos, foi entregue a uma família de acolhimento quando tinha apenas três meses de idade.
A sua mãe, de nacionalidade brasileira, a trabalhar e a viver no nosso país, tinha chegado à conclusão que não possuía condições materiais para criar a bébé e entregou-a aos cuidados da família de Lurdes Osório.
Agora, passados quase três anos dessa ocorrência, eis que surgem técnicas da Segurança Social que num àpice retiram Ana a Lurdes Osório e levam para ser adoptada.
Pelas imagens que pudémos apreciar através da televisão, a pequena Ana estava a ter um crescimento perfeitamente normal e a gozar do amor e da dedicação que a família de acolhimento lhe de dedicou e continua a dedicar, mesmo na sua ausência forçada.
Lurdes Osório assim que lhe disseram que lhe iam tirar a menina para adopção, manifestou desde logo vontade de a adoptar, mas não foi atendida neste seu desejo.
Já esta semana, falou um senhor doutor muito entendido em leis à TVI, justificando a não entrega de Ana à família de acolhimento na condição de adoptada porque, segundo referiu, as leis que estipulam as condições de que uma família precisa para o acolhimento e para a adopção não são iguais e regem-se por critérios diferentes.
Claro que o senhor doutor em causa, muito entendido em leis, não deve perceber nada de afectividade nem tão pouco do amor crescente que se gera entre uma família, seja ela de acolhimento ou de adopção, e a criança acolhida ou adoptada.
Segundo o jornal “Correio da Manhã”, Sousa Silva, o advogado que se interessou por este caso – mais por razões humanas do que materiais – e que se constituiu como defensor jurídico de Lurdes Osório e família, deslocou-se ao Tribunal de Família e Menores do Porto, para averiguar o processo, mas tal não lhe foi facultado, vá lá saber-se porquê.
Ao jornal acima mencionado, o advogado Sousa Silva afirmou as seguintes palavras: “...A criança não está em risco, não vejo razões para que não se cumpram os preceitos de bom senso e humanidade”.
Não compreende Sousa e Silva e não compreende muito mais gente, que vê neste caso a forma exemplar como não se deve lidar com os sentimentos de uma criança de três anos e da sua família de acolhimento.
Este caso, aliás, torna-se ainda mais incompreensível quando nos lembramos que neste país onde o crime aumenta sem cessar, tal como o consumo de estupefacientes, há cada vez mais crianças a serem abandonadas ou a viverem em precaríssimas condições, onde abundam o completo desprezo e a miséria gritante.
Não seria sobretudo com estes casos que a Segurança Social se deveria preocupar?.
Então para quê e porquê tirar a Ana do seio de uma família que a ama e que a trata como se lhes tivesse saído do ventre?.
Estas perguntas vão ficar sem resposta, a menos que surja mais algum "esclarecimento" de algum senhor doutor muito entendido em leis e que no lugar do coração tenha uma pedra.

Francisco Balsinha

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