terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O processo Freeport e a atitude de José Sócrates

O caso Freeport não cessa de andar nas bocas do mundo.
Todos os dias os jornais, as rádios e as televisões portuguesas juntam novos elementos, alguns deles fornecidos pela polícia inglesa, que implicam um número cada vez maior de indivíduos naquilo que parece ser um caso de corrupção ao mais alto nível.
Os nomes envolvidos nesta escandaleira são o do actual Primeiro-Ministro, José Sócrates, à data da ocorrência Ministro do Ambiente do Governo Guterres, o do seu Secretário de Estado dessa altura, o do então Presidente da Câmara Municipal de Alcochete, José Dias Inocêncio, o do empresário Manuel Pedro, o da sociedade promotora Smith&Pedro e o de outras individualidades, de entre as quais se destacam dois familiares de José Sócrates.
O que está a ser investigado pela polícia inglesa é a hipótese de ter havido corrupção na legalização daquele mega espaço comercial.
Recordo que em tempo oportuno também a Polícia Judiciária Portuguesa se interessou pelo caso, mas o processo então iniciado acabou por ser arquivado, enquanto que o inspector responsável pelas investigações veio a ser estranhamente passado à reforma.
Felizmente, o caso Freeport não ficou só nas mãos da PJ portuguesa. A Scotland Yard está a juntar as peças do puzzle para que se possa chegar à verdade.
Para já, segundo fontes daquela polícia, há vários indícios que apontam no sentido de José Sócrates estar envolvido neste caso de alegada corrupção.
É isso precisamente que nos tem sido informado todos os dias, de há três semanas a esta parte, pela comunicação social portuguesa.
Assim sendo, e vivendo nós um estado de direito democrático, não entendo eu e não entende muita gente porque José Sócrates não suspende o seu mandato de Primeiro-Ministro e deixa que as investigações progridam com a maior celeridade possível.
A suspenção do cargo de Chefe do Governo por parte de Sócrates apenas levaria a que fosse indigitada outra personalidade do PS para ocupar o cargo, podendo até o novo Governo ser constituído pelos actuais Ministros e Secretários de Estado.
É provável que algum jornalista ponha esta questão a Sócrates e estou convencido que ele se defendará alegando a crise económica existente no nosso país para não abandonar o barco.
Só que, no meu ponto de vista, uma resposta desse tipo não tem qualquer razão de ser, em primeiro lugar porque estamos a poucos meses de eleições parlamentares e, em segundo lugar, porque se José Sócrates não resolveu os problemas económicos do país em mais de três anos de governação, não é agora em poucos meses que o vai conseguir.
Tudo o que escrevi neste texto não põe em causa a idoneidade do Primeiro-Ministro português, aliás, quem seria eu para o fazer?...
A quem cabe comprovar ou desmistificar essa idoneidade é à Justiça Portuguesa que, esperamos, não se fique pelas meias tintas como tantas vezes tem sucedido.
Quanto à suspenção do cargo de Primeiro-Ministro por iniciativa de José Sócrates, creio que tal seria uma atitude muito digna e bem aceite pela maioria dos portugueses, ainda para mais quando o Presidente da República já se referiu ao processo Freeport como “um caso de Estado”.

Francisco Balsinha

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